O CAROÇO DE MURICI
O CAROÇO DE MURICI
Guloso como sempre fora levei naquele dia dentro da lancheira algumas frutas de murici. Nem tinha malicia suficiente que o cheiro delas me denunciariam, mas antes de chegar à escola da dona Margarida eu fui chupando-as e jogando os caroços fora.
Quando cheguei restavam umas duas frutas. A professora pediu-me a caderno de caligrafia. É o dever de casa.
Tremendo de medo da palmatória da professora enquanto ela observava os cadernos de todos. Nesse ínterim chupei ainda os dois últimos muricis. Sem saber o destino dos caroços, enfiei um pelo buraco do nariz. Só que ao tentar tira-lo ele aprofunda deixando-me sem ar e inchando o nariz.
Foi ai então que a professora observou a minha agonia, chegando perto se inteirou do acidente:
- Quem fez isso?...
Apontei para o lugar do Dito Gonçalves...
Imediatamente ela me pegou pela mão e saiu correndo comigo para o consultório do médico, o Tio Gilberto.
Chegando lá ele com uma pinça conseguiu tirar o caroço.
A notícia esparrama-se pela pequena cidade e saindo do consultório minha mãe chegava com minha avó.
- Não foi nada grave, disse o médico...Pode até voltar para a escola.
Então a professora pegou-me pela mão e voltamos. Pude ainda observar quando íamos pela Rua do Picolé que a mãe do Dito dava-lhe alguns tapas...
Coitado...
Goiânia, 04 de janeiro de 2009.