A ÚLTIMA CHANCE
A ÚLTIMA CHANCE
Carlão filho caçula de Deodoro nunca quis nada com a dureza. Trabalho não era com ele gostava de fumar, beber e gastar com a mulherada.
O pai preocupado com o futuro do rebento irresponsável chama-o para dois dedos de prosa:
- Presta atenção filho lá no paiol cinco tem uma coisa que lhe quero mostrar.
Cada um montou um cavalo que estavam arreados na porta da casa grande e rumaram para o paiol referido.
Chegando lá apearam entrando no paiol abarrotado de milho, levou o filho até uma área aos fundos. Passa por ali um outeiro de aroeira com uma forca instalada. Mostrando a forca ao filho único falou:
- Quando eu me for lembre dessa conversa, depois que você gastar na farra até o último centavo de tudo que lhe vou deixando aí você venha aqui e se enforque já que não quer nada com a dureza.
Depois disso a vida correu ainda alguns anos e o velho Coronel veio a falecer.
Carlão continuou a vida na boa vida, mulher bonita para cá, wisky para lá. De farra em farra ia vivendo, abandonou a produtividade da fazenda nas mãos de irresponsáveis e aconteceu o Deodoro previa, a falência.
Sentado no alpendre da casa grande Poe a mão no queixo e pensa:
- O que fazer?
Lembrou então da conversa do seu pai, a forca ainda estava lhe esperando. Desta vez nem cavalo para leva-li até o paiol tinha mais. Foi a pé. Chegando lá observou o paiol vazio e a forca lá no fundo o esperando.
Com a falta do dinheiro os amigos se foram e a mulherada foram primeiro ainda.
Chorando de desespero por tanta burrice que fizera, põe o laço da forca no pescoço e salta no vazio onde deveria estar a produção da roça.
Com o peso dele a tora de aroeira rompeu-se, ela era um antigo cocho, despencou-se com ele derramando pelo chão várias jóias, colares,anéis e até algumas barras de ouro. Junto com tudo uma carta:
- Filho EU LHE AVISEI, ainda lhe deixo a última chance, do seu pai Deodoro...
Goiânia, 30 de dezembro de 2009.