Era domingo. Saí cedo para o trabalho.
Cheio de sono e de vontade de não ir.
Logo mais teria carne assada e gua-
raná Antarctica bem gelada.
Cheguei ao ponto do busão e
nada do peste passar.
Finalmente, depois de tantas apareceu
a grande bolha de aço e fibra.
Entrei e tchau. Tudo estava indo
maravilhosamente bem até que
num certo ponto, entrou uma senhora
- setentinha a julgar pelas aparências -
reclamando, xingando, brava como
um siri na lata.
Não sei o porquê, mas ela virou-se
para mim, que lia meu jornalzinho gratuito,
e queria que eu levantasse para
que ela pudesse sentar. Beleza. Levantei.
A questão: havia outros bancos vazios,
mas ela queria sentar no que eu estava.
Tudo bem. Devido à arrogância da cidadã,
falei para ela:
- Me desculpe minha senhora,
mas não há nenhum motivo...
- Seu vagabundo! É isso que você é:
um sem vergonha. Olha para mim e
me respeita. Você devia ter se levantado na
hora que eu entrei!
- Mas minha senhora...
- Minha senhora uma ova!
Estes bancos são todos meus.
Todos! Eu sou uma idosa. Ta entendendo?
Eu sou uma idosa.
Não agüentei. - Então a senhora
tem que reclamar com DEUS! Foi Ele que
fez isso com a senhora. E sinceramente:
acho que Ele poderia ter nos poupado
do castigo que lhe deu.
Passei a catraca e segui o meu caminho.