O MILAGRE DAS SAÚVAS
O MILAGRE DAS SAÚVAS
As primeiras picadas abertas pelos sertões, na época da colonização se tornaram nas principais vias de comunicação entre os habitantes esporádicos espalhados pelas regiões. As sedes das terras apossadas teriam obrigatoriamente, que se instalarem as margens dos rios córregos e ribeirões onde o acesso à água facilitava o funcionamento das fazendas, que também ficaram conhecidas com fábricas pelos primeiros colonizadores.
Muitas arranchações foram instaladas em locais de difícil acesso. Sendo batizadas com os nomes mais pitorescos, inspirados nos acontecimentos e nas condições geográficas que os locais apresentavam. Sumidouro, deus me livre, atoleiro, cocho, monjolos, moinhos, buraco, pedra branca, escuro, areias, mato fechado, mato seco, oca, pedreira, milagre da saúva, e vários outros nomes.
A população analfabeta e isolada valia-se da natureza buscando nela as formas de curas, para as epidemias. O uso das ervas e raízes, para banhos e os chás foi uma tradição repassada de geração para geração. Com resultados positivos, até certo ponto. Porque em casos graves que dependiam de cirurgias. O óbito era inevitável.
Às vezes a criatividade funcionava em alguns casos. Como o milagre da saúva, nome temporário de um local, onde ocorreu um fato inédito em nossa região.
Em um pagode na fazenda buraco. Lá pela meia noite arrumaram uma confusão, e resultou com um caboclo conhecido como Nêgo Eva, sendo ferido a faca na barriga. Era filho de uma escrava que se chamava Maria Eva, personagem de muita tradição no vale do Picão. No tumulto, o caboclo fugiu, Desaparecendo na escuridão da noite. Na manhã seguinte seus colegas o encontraram a margem da estrada, deitado com parte do intestino exposto. Foram à casa da fazenda pegaram uma porção de água com sal, lavaram suas tripas e guardaram-nas. Pressionando as partes, concluíram que daria para costurar. Se houvesse por lá agulha e linha, poderiam pontear seu ferimento. Mas como nada disso estava disponível, alguém entre eles teve a brilhante idéia de usar as saúvas na cirurgia. Havia um grande formigueiro por perto. Remexeram sua terra logo apareceram os guardiões, aquelas formigonas azulegas com suas tesouras enormes. Quem bem conhece a zona rural deve conhecê-las também. Pois bem o cirurgião improvisado, apanhava a formiga apertava seu tórax, ela abria a turquês, um assistente também improvisado, pressionando os lados do ferimento, o mantinha fechado, o Doutor ecológico levava a turquês da formiga no corte ela prendia as duas partes, ele cortava seu tórax, e assim a operação foi um sucesso. Isso ocorreu lá pelo ano de 1898 o caboclo se curou, e foi protagonista de grande geração. Atualmente tem vários de seus descendentes espalhados pelo nosso município. Graças ao milagre das saúvas. Que deram nome ao local de: milagre da saúva. Temporariamente, atualmente o nome desapareceu, mas a história é verídica e foi repassada por nossos ancestrais. Acredite se quiser. Quanto à veracidade do ocorrido, as testemunhas que presenciaram o fato, faleceram todas no século passado. Ficando difícil de ser comprovado.