O PODER E A RIQUIZA

O PODER E A RIQUEZA

No patamar de uma encosta não muito íngreme, vertida para um imenso oceano de águas calmas, muito límpidas, havia um luxuoso palácio. Ali residia um casal de soberanos. O rei chamado poder e a rainha, cujo nome era riqueza. As águas cristalinas do oceano espelhavam a paisagem do infinito de uma forma exuberante.

O casal nunca quis ter filhos. Desfrutavam daquele paraíso, cercados pelos mais fiéis amigos que ocupavam todos os cargos de confiança em seu reinado. Filhos pra que? Afirmava sempre o casal, só trariam problemas!

- Se temos tudo por que estragar tanta felicidade? - Precisamos é comemorar! Afirmou a rainha. - afinal nossa melhor amiga é a felicidade! Ela merece uma boa festa!

E assim os soberanos começaram organizar o grande evento. E para ilustrar incluíram uma competição. Uma disputa aquática entre embarcações seria o ideal. Da janela de seus aposentos tinha-se uma bela visão do imenso oceano. Convocaram todo o ministério de sua monarquia. Dando a cada um luxuoso e possante barco. O primeiro a receber foi o orgulho, seguido pelo egoísmo, e das ministras mais próximas do casal, a corrupção, avareza, ganância, desordem, maldade, e várias outras e outros que os assessoraram. Enfim todos que enriqueciam aquela maldosa sátira se faziam presente. Ansiosos em transformar aquela calmaria, em agitada turbulência... Mas e alvo principal da competição?

- Que tal o bobo da corte! Sugeriu a rainha... – Verdade... Como não pensei nisso antes! Exclamou o rei. - Vai ser muito divertido retrucou a mulher. Requisitaram o pequeno e indefeso amor, recém escolhido como bobo da corte. Colocaram-no em uma canoa voadêira, ligaram seu motor, e deram ordem de partida. De controle remoto na mão o rei monitorava a voadêira. Vencedor seria aquele, ou aquela, que o capturasse. Horas e horas durou a competição. Eis que de repente Surgiu o ódio, o mais fiel amigo do rei seu braço direito, e que por um lapso de memória não fora incluído. Transformado em um gigantesco e enfurecido dragão, o mais importante membro daquela corte, deslizava sobre as águas devorando tudo em sua frente. Embarcação por embarcação, foram todas abocanhadas por ele, por fim restou o amor que também não foi poupado. De uma só lambida o dragão o engoliu. Submergindo, em seguida.

Desolados e sozinhos, o casal de soberanos se postaram na janela, sem redar pé um só instante. Contemplavam continuamente seu fracasso submerso na calmaria daquela imensidão azul. Poucos de seus súditos restaram, para cumprir ordens, satisfazendo seus desejos.

Passaram os dias, e olhar do casal vigilante sobre as águas. Em dado momento quase em delírio, a rainha puxou pela fralda da camisa, o marido que havia se afastado, apontando-lhe algo boiando muito distante no oceano. Foram horas e horas na tentativa de identificar o objeto. Até que impaciente o rei chamou o preconceito dizendo-lhe: - vá, resgate aquele troço, que tanto me tortura, como me faz, este maldito sentimento!

Adentrando na água lá se foi o preconceito, logo após, estava ele de volta, frente ao rei, conduzindo uma velhinha muito branquinha e sorridente. Com o bobo da corte nos braços. – Então muito surpreso perguntou-lhe o rei, - onde encontrastes o amor? – No fundo do oceano lutando contra o ódio tentando atingir seu coração! – E com que direito vós o resgatastes? Com direito da humanidade! – E qual é teu nome? – Meu nome? Meu é história... E vós vades pro diabo que te carregue... Por que meu compromisso é com o tempo... É para ele que devemos satisfações!

E transformados em duas pombinhas branca, história e amor voaram desaparecendo no azul do infinito,

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 10/12/2009
Reeditado em 10/12/2009
Código do texto: T1971123
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