Aventuras de um prefeito

No final da década de 50, Paraguaçu Paulista, cidade respeitada no Estado de São Paulo, tinha no comando do Poder Executivo, um filho de italianos oriundo da capital paulista, que aqui chegou, gostou da terra e acabou cativando os políticos da época, que o lançaram na disputa ao cargo de prefeito municipal.
Mesmo demonstrando uma cultura limitada, no que se diz respeito às coisas do interior, aquele paulistano bronco, com seus volumosos cento e poucos quilos, também conquistou a população, principalmente no âmbito esportivo. Palmeirense fanático, comprou e construiu um novo campo de futebol na cidade, hoje o estádio Carlos Affini, o qual substituiu o antigo, que ficava localizado na Rua Sete de Setembro, onde hoje está a Casa Nossa Senhora Aparecida, do Mário Sampar.
Com seu folclórico cachimbo, símbolo de campanha, o empresário paulista Victor Labate tomou posse e dirigiu, durante quatro anos, os destinos de Paraguaçu Paulista, período em que muitas histórias engraçadas envolveram o seu nome.

...............................................................................................

Contam que certa vez o Dodozinho, irmão do Didi e do seu Dodô (Durval Vieira), funcionário público municipal, na época encarregado do matadouro, dirigiu-se até Victor Labate e lhe comunicou:
– “Seu” prefeito, vim avisá-lo de que a seringa (grande artefato de madeira, por onde o gado passa para aplicação de vacinas, marcas e abate) quebrou e isso vai dificultar a matança.
Após proferir alguns xingamentos em italiano, o robusto prefeito meteu a mão no bolso, tirou algumas notas do interior da carteira e disse, naquele sotaque tradicional, ao encarregado do matadouro:
– Pegue esse dinheiro, vá até a farmácia do “Jorjão” e compre meia dúzia de seringas, pois assim o povão não vai mais não ficar sem mistura.
...............................................................................................

Victor Labate chegou para o seu chefe de gabinete e lhe perguntou sobre um assunto pendente, que envolvia o seu nome e o de um político da oposição, após um entrevero entre ambos.
– O senhor sabe que eu não quero briga com ninguém daqui da cidade. Então me diz o que devo fazer para acabar com esse nhem, nhem, nhem.
Seu assessor foi na mosca:
– Seu prefeito, o senhor precisa se retratar perante ele.
Labate também respondeu na bucha:
– “Va bene”. Chame o “home” e o retratista, que eu vou me retratar, mas antes tenho que cortar o cabelo.
Escritor Paulista
Enviado por Escritor Paulista em 07/12/2009
Código do texto: T1965794
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.