O VALENTÃO BORRA BOTAS

O VALENTÃO... BORRA BOTAS

Lá pelo século passado inicio dos anos sessenta. Quando algumas comunidades eram regidas pela lei do cão, e quem falava mais alto era o mais valente. Apareceu na nossa Vila, um caboclo, trabalhando em uma carvoaria. Arrotando bagaço. Talvez pela quantidade de cachaça que consumia. Dizia ser de uma terra onde, se matava um pela manhã, e deixava outro amarrado, para matar à tarde.

Como aqui sempre reinou muita paz e uma grande harmonia, ele conseguiu assustar algumas pessoas com sua garganta. Começou andar armado, exibindo uma garrucha de quase meio metro de cano. Certo dia de festa na comunidade, após encher bem a cara num boteco da praça principal, resolveu se exibir esnobando valentia. Avisada, a policia local, compareceu, disposta a enfrentá-lo. Ao perceber a aproximação policial, ele, que não passava de um borra botas, esporou sua montaria e se mandou. Na época não havia viatura, os policiais correram a pé no seu encalço. Ele os enganou dando a volta no entorno do povoado. Enquanto os policiais batiam as capoeiras à sua caça, ele retornou,entrou na residência do cabo chefe do destacamento, cuja casa era vizinha a de seu patrão. Colocou sobre a mesa sua garrucha, dizendo para esposa do policial, diga ao patrão que guarde minha arma, e se eu for preso, peça pra ele ir me buscar. Porque la na carvoaria tem mais de vinte fornos precisando ser abafados. E se eu dormir na cadeia o prejuízo será dele. Após ele se mandou. E partir daí nunca mais exibiu sua valentia por aqui.

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 07/12/2009
Código do texto: T1964780
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