Festas das saúvas

Dias atrás, estava jogando conversa fora com o amigo Denis Mendes, arquiteto de mão cheia, excelente chargista e um aficionado por aviação, quando vieram à tona alguns casos envolvendo um pouco da história do nosso antigo aeroporto, hoje ocupado pelo Centro de Convergência Governador Mário Covas.
Aliás, esse tipo de assunto sempre foi um prato cheio para o Denis, que produziu um belíssimo livro, totalmente ilustrado, contando a história de um planador, originando o livro Planar é..., cujo lançamento estamos aguardando.
Mas, vamos ao nosso causo: na época do nascimento do velho aeroporto de nossa cidade, muitos outros também surgiram, ao longo das ferrovias que cortavam o rico Estado de São Paulo, seguindo uma programação pré-estabelecida.
Na verdade, tudo não passava de uma brilhante ideia de promover os possantes tratores “Caterpillar”, que iam sendo descarregados ao longo das estradas para grandes demonstrações de força e, sobretudo, de modernidade e com isso em cada cidade que essas máquinas eram desembarcadas. Com isso, iam nascendo pistas de aterrissagem que, aos poucos, foram se transformando em aeroportos, inclusive hoje alguns estão modernizados e aptos para receber grandes aeronaves.
O certo é que, na data marcada, uma Comitiva Oficial do Governo vinha pela ferrovia inaugurando essas pistas e com ela trazia a tiracolo uma equipe de paraquedistas franceses, para que eles proporcionassem um show para a população da cidade.
Aqui em Paraguaçu Paulista não foi diferente, pois os paraquedistas, comandados pelo famoso Charles Astor, embriagaram os paraguaçuenses com suas manobras no ar.
Deixando a inauguração de lado, é bom frisar que, no local onde foi instalado o velho aeroporto, existiam milhares de formigueiros recheados pelas famosas saúvas.
Mas, voltando ao Charles Astor e sua equipe, vamos encontrá-los ao lado das autoridades locais e comitiva que, entre uma taça de “champanhe” e outra, comemoravam o feito do dia: a inauguração da nova pista.
Como a festa era a última do dia, os paraquedistas, despreocupados, com a hora, deixaram seus paraquedas abertos sobre o solo, para posteriormente dobrá-los e guardá-los devidamente.
Acontece que as saúvas também queriam participar das comemorações e, não tendo sido convidadas, resolveram saborear os paraquedas, já que eles eram todos feitos de “suculento” nylon.
A verdade é que aquela foi, realmente, a última inauguração e apresentação dos homens do ar, pois seus paraquedas ficaram parecendo uma colcha de crochê, totalmente furados, impraticáveis para saltos.
Imaginem a cara dos franceses, quando foram dobrar seus paraquedas!
Foi um Deus nos acuda – e ponto final!
Escritor Paulista
Enviado por Escritor Paulista em 07/12/2009
Código do texto: T1964623
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