O CASÓRIO
 
Discutiram pra valer naquela manhã.

O enlace estava previsto para as 19,00 horas na Capela de Nossa Senhora do Bom Parto.

Ele entrou no carro esbravejando, a noiva na soleira da porta, aos gritos, "elogiando suas qualidades"...

Na avenida ornada por flores coloridas e frondosos Ipês visualizou o Boteco do Neneca, o único que não cedera ao progresso vertiginoso da cidade.

Entrou.

Ambiente esfumaçado e cheiro pútrido no ar.

- Um rabo de galo no capricho, pediu.

Entornou a bebida e repetiu a dose, várias vezes.

Deixou no balcão uma nota de R$ 20,00 e saiu em disparada.

Estava aborrecido e bravo, muito, mas muuuito puto da vida.

Procurou seu amigão, o Bigode.

- Vamos pescar? convidou...

- Mas Tonhão, hoje é o dia de seu casório e eu sou seu padrinho, lembrou?

- Não vai haver porra nenhuma de casamento, pelo menos hoje não!!!

E lá se foram os dois com mais alguns "malacabados" acampar, "encher as guampas" e ....pescar???

A noiva ficara esperando no altar,  lágrimas incontidas.

Não houve casamento mas a festança rolou até às 4,00 horas da matina.

Eles voltaram 3 dias depois.

Tonhão casou-se 6 meses após com a noiva Cacilda, que lhe perdoou.

E assim viveram felizes por... um bocado de tempo.
 
 
 Notas:

Malacabados - malandros.
Encher as guampas - se embebedar.

A história ocorreu por aqui, é verídica, os nomes dos personagens, fictícios.