“A visão não é das melhores. Muito buraco, difícil passar, hein?!” – exclamou ele, porém sem se intimidar. Seu amigo ia um pouco atrás, bem mais temeroso de iniciante que era. Bonito era ver o verde, imensas árvores e flores de tudo que é jeito. Mas para eles diversão garantida era saltar a cavalo cada desafio imposto pela natureza.
Ia sempre por aqueles campos distrair a cabeça, se aventurar. Não sabia, porém, que aventura mesmo ainda estava por vir. Já ao entardecer decidiram descansar à beira das águas de uma deliciosa cachoeira. Na sombra da árvore e ao som das águas, não obstante, danaram-se a dormir. Hora mais tarde levanta assustado ao ver que o cavalo não estava mais lá. Saiu meio cambaleando, ainda com sono, gritando “Trovão”, mas só o silencio se ouvia e o canto dos pássaros, grilos e sapos. Andado já há algum tanto parou pra pensar, mas a lugar algum chegou. Exceto que lembrou-se de que sozinho não fora para lá. Gritou também por algum tempo, o nome “Clemêncio”, seu amigo fiel. E nada de aparecerem, então, foi embora, desistiu.
Já a caminho de sua casa, em um dos becos dos quais não se pode desviar, chamou-lhe a atenção um ruído, e mesmo temeroso decidiu dar uma olhada. “Céus! Uma emboscada!” – e saiu disparado, igual louco correndo o mais rápido que suas pernas podiam. Com os olhos esbugalhados, olhava pra trás e de todo se tremia. Foi quando ao som de um tiro, virou-se assustado, como por reflexo para ver do que se tratava. Ali foi o seu maior erro, pois em suas costas um homem o apunhalava. Com uma forte pancada na cabeça, o derrubou e, achando que estava morto, deixou seu corpo ali, apenas um pouco adiante, e saiu sorrindo como satisfeito.
Porém, não foi o crime perfeito. Logo de manhã as crianças ali brincando viram um pouco de sangue e curiosas procuraram até encontrar e depois saíram gritando: “Mamãe, vem ver o defunto.”. Era o cavalo, coitado, esticado no chão. O caso intrigou as vizinhas e todas juntaram forças para desvendar o crime. Chamaram até a polícia- mas você sabe, não é, caro amigo, que se a polícia chegasse agora acabaria aqui a história?!
Mas como em toda boa história tem sempre uma donzela encantadora para dar brilho ao texto, assim vi também acontecer, ao ouvir o canto de Senhorita Zuleica. Com seu tom contrauto e suave, passeava colhendo jabuticaba e cantando. Seus negros cabelos cacheados e sua pele morena cacau davam cor ao dia e nem parecia se preocupar com os bochichos exagerados das beatas vizinhas.
No entanto, um pouco distraída, tropeçou e, já caída, dobrou-se por dentro de assombro e ternura. Como pode esse moço assim tão bonito, jogado no chão. Os olhos cheios de lágrimas fitou-o por um tempo, como se hipnotizada. Foi o tempo necessário para chegar a polícia com Tião, o Clemêncio, algemado e zombando. Aproximando-se, a moça do tal, deu-lhe um tapa na cara, dizendo: “Ainda continua sem mim.”. E, voltando-se para o caído, gritou “Samuel” e, em prantos, beijou os seus lábios. Não é uma história de Perrault, mas após o tal beijo, Samuel levantou.
Ia sempre por aqueles campos distrair a cabeça, se aventurar. Não sabia, porém, que aventura mesmo ainda estava por vir. Já ao entardecer decidiram descansar à beira das águas de uma deliciosa cachoeira. Na sombra da árvore e ao som das águas, não obstante, danaram-se a dormir. Hora mais tarde levanta assustado ao ver que o cavalo não estava mais lá. Saiu meio cambaleando, ainda com sono, gritando “Trovão”, mas só o silencio se ouvia e o canto dos pássaros, grilos e sapos. Andado já há algum tanto parou pra pensar, mas a lugar algum chegou. Exceto que lembrou-se de que sozinho não fora para lá. Gritou também por algum tempo, o nome “Clemêncio”, seu amigo fiel. E nada de aparecerem, então, foi embora, desistiu.
Já a caminho de sua casa, em um dos becos dos quais não se pode desviar, chamou-lhe a atenção um ruído, e mesmo temeroso decidiu dar uma olhada. “Céus! Uma emboscada!” – e saiu disparado, igual louco correndo o mais rápido que suas pernas podiam. Com os olhos esbugalhados, olhava pra trás e de todo se tremia. Foi quando ao som de um tiro, virou-se assustado, como por reflexo para ver do que se tratava. Ali foi o seu maior erro, pois em suas costas um homem o apunhalava. Com uma forte pancada na cabeça, o derrubou e, achando que estava morto, deixou seu corpo ali, apenas um pouco adiante, e saiu sorrindo como satisfeito.
Porém, não foi o crime perfeito. Logo de manhã as crianças ali brincando viram um pouco de sangue e curiosas procuraram até encontrar e depois saíram gritando: “Mamãe, vem ver o defunto.”. Era o cavalo, coitado, esticado no chão. O caso intrigou as vizinhas e todas juntaram forças para desvendar o crime. Chamaram até a polícia- mas você sabe, não é, caro amigo, que se a polícia chegasse agora acabaria aqui a história?!
Mas como em toda boa história tem sempre uma donzela encantadora para dar brilho ao texto, assim vi também acontecer, ao ouvir o canto de Senhorita Zuleica. Com seu tom contrauto e suave, passeava colhendo jabuticaba e cantando. Seus negros cabelos cacheados e sua pele morena cacau davam cor ao dia e nem parecia se preocupar com os bochichos exagerados das beatas vizinhas.
No entanto, um pouco distraída, tropeçou e, já caída, dobrou-se por dentro de assombro e ternura. Como pode esse moço assim tão bonito, jogado no chão. Os olhos cheios de lágrimas fitou-o por um tempo, como se hipnotizada. Foi o tempo necessário para chegar a polícia com Tião, o Clemêncio, algemado e zombando. Aproximando-se, a moça do tal, deu-lhe um tapa na cara, dizendo: “Ainda continua sem mim.”. E, voltando-se para o caído, gritou “Samuel” e, em prantos, beijou os seus lábios. Não é uma história de Perrault, mas após o tal beijo, Samuel levantou.