Matando a sede

No domingo de Páscoa, no período da tarde, minha esposa e eu saímos em via sacra visitando amigos e parentes e, numa dessas paradas obrigatórias, tomamos conhecimento do fato que nos levou a escrever o Durma com essa desta semana.

A história se desenrolou na residência de um primo, envolvendo sua esposa e, para evitar qualquer tipo de constrangimento, daremos nomes fictícios a todos os nossos personagens.

Numa determinada tarde, Rosângela, que é professora, chegou à sua casa exausta, porque o dia havia sido movimentado, tinha exigido muito de seus conhecimentos profissionais e a recompensa seria um reconfortante banho.

Ao passar pela sala de estar, ela notou que alguém havia esquecido uma garrafa de água mineral sobre um dos móveis e imediatamente a levou para a geladeira, já que o calor era intenso e uma água geladinha, nessas ocasiões, é sempre bem recebida.

– Deve ter sido o Carlos (seu filho) que a esqueceu sobre a mesinha. Vou guardá-la.

Tudo levava a crer que aquela noite seria muito quente, já que o dia fora insuportável, de estourar mamona. E foi. Durante a madrugada, uma sede “braba” incomodou Rosângela, obrigando-a a se levantar a fim de beber água.

Sonolenta, ela se dirigiu até a geladeira, apanhou aquela garrafinha e a levou para o quarto, já que, com isso, não teria que se levantar outra vez, se precisasse de mais água. Mal sabia que uma grande surpresa estava reservada para ela...

Já no quarto, sentada à beira da cama, Rosângela abriu a garrafa e tomou um belo gole. Foi um Deus nos acuda, pois o líquido lhe queimou a garganta, provocando uma grande tosse, a qual acabou acordando até os cachorros que dormiam um sono profundo no quintal.

– Meu Deus! O que é que colocaram dentro desta garrafa? Parece álcool!

Acontece que aquela “água mineral” que a Rosângela havia encontrado sobre a mesinha nada mais era do que uma mistura milagrosa de cânfora com álcool, indicada para dores lombares e similares, usada pela sua sogra, minha tia.

– Filha, você tomou meu álcool com cânfora que eu havia deixado na mesinha da sala?

Pois é, minha prima acabou tomando água benta para matar a sede e, pelo jeito, está imunizada contra dores lombares.

Segundo seu marido Marcos, o hálito dela agora é medicinal, pura cânfora.

Escritor Paulista
Enviado por Escritor Paulista em 28/11/2009
Código do texto: T1948845