Peixe enlatado

Aquele dia estava muito ruim para a prática da pesca embarcada, pois o barco balançava mais que a dança do Tchan, obrigando seus ocupantes a fazerem inúmeras peripécias para se manterem em cima da embarcação.

Preocupado com as marolas altas e fortes, o piloteiro avisou os demais companheiros da necessidade de retornarem à margem e evitarem um problema mais sério: virar o barco.

Como Osvaldo, nosso personagem, havia jogado na água um anzol iscado com uma isca viva, resolveram esperar até que ele o recolhesse, mas, na , a linha esticou e a vara pesou.

– Peguei... Peguei... E é dos grandes!

A atenção ficou presa no pescador, que fazia um esforço danado para trazer o “bitelo” até o barco.

Após algum tempo de muito esforço e expectativa, Osvaldo conseguiu recolher a pesca. Foi uma decepção total, porque ele havia fisgado uma lata de 20 litros, pela argola que possuía em sua tampa e, como estava cheia d’água graças a um furo de aproximadamente cinco centímetros, estava muito pesada.

É claro que a gozação foi grande, mas ele, “bagre ensaboado”, saiu-se muito bem, respondendo aos companheiros:

– Pelo menos terei um banco para sentar, enquanto pesco de barranco.

Em terra firme, Osvaldo colocou a lata num local estratégico, sem se preocupar em retirar a água do seu interior, sentou-se sobre ela e reiniciou a pescaria.

Com o peso do pescador, a lata se abriu em sua base e a água, que se encontrava no seu interior, foi saindo lentamente, já que o furo era pequeno.

Algum tempo depois, Osvaldo começou a sentir que a lata velha balançava muito, como se alguma coisa houvesse no seu interior, fazendo com que ele, de posse de uma faca, se pusesse a abrir a tampa.

– Vamos ver o que tem dentro dessa lata velha, para fazer-la balançar tanto...

Todos tiveram uma grande surpresa, pois, no interior da lata, havia um pacu que provavelmente tenha entrado no seu interior ainda pequeno, desenvolvendo-se nela até chegar aos três quilos, comprovados após pesado.

Acreditem, se quiserem, mas ele jurou de pés juntos que o fato é verídico.

Escritor Paulista
Enviado por Escritor Paulista em 25/11/2009
Reeditado em 25/11/2009
Código do texto: T1943576