"O CONTADOR DE ESTÓRIAS...A ASSOMBRAÇÃO"
Hoje vou continuar a contar uns causos, dos meus tempos de crianças, de onde eu nasci e cresci, como muitas crianças da roça, quando eu tinha uns 11 anos gostava de dormir na casa da minha avó, por vários motivos, tais como: ela fazia a melhor comida que já comi, ela não se importava de eu dormir tarde, a noite ela fazia um caneco de café, leite em pó e farinha de milho que eu me acabava...rsrsrsr....e o melhor, ela morava perto da casa da minha tia Maria, onde a noite as meninadas se reuniam pra brincar de pique-esconde, passa-anel, roda, bandeirinha e outras brincadeiras que a normalmente acontecia a noite.
Eu lembro que todas as noites eu me mandava da casa da minha avó Justina até a casa da tia Maria, pra entrar nas brincadeiras, pois além dos meninos também participavam as meninas do local, algumas delas bem assanhadas, o beija-beija corria solto....tempo bom aquele....eu brincava até por volta das 10 horas, e depois que acabava a brincadeira eu pedia para o meu Tio Honório, um sujeito mulato, forte pra caramba, pra ele me levar até a casa da minha avó, eu tinha um medo danado de ir embora, o medo era tanto que eu implorava pra ele me levar...mas fazia isso escondido das garotadas, porque senão eles com certeza iriam acabar comigo de tanto zoar.
Certa noite, eu sai pra casa da minha tia, todo faceiro, doidinho pra entrar na brincadeira, a noite estava linda, a lua iluminava a terreirão de terra batida,onde a gente se acabava nas brincadeiras, a gente fazia tanto barulho, que de vez em quando minha tia dava uns gritos pedindo pra gente fazer menos barulhos...da casa da minha tia até a casa da minha avó tinha um trilho, cercado por bananeiras, que formava um túnel de folhas, que assustavam...naquela noite a brincadeira se estendeu um pouco mais...quando percebemos já era quase meia noite, todos saíram de fininho e foram embora, todo mundo tinha medo de andar sozinho por volta de meia-noite, por causa das assombrações, os mais velhos assustavam as crianças dizendo que existia mula-sem-cabeça, boitatá e outras figuras folclóricas....mas continuando...quando fui falar com meu tio, ele já estava dormindo e minha tia também, fiquei apavorado, afinal teria que ir embora sozinho.
Comecei a longa caminhada de uns cinco minutos (risos), mas que com certeza iria parecer um noite inteira...entrei no trilho que ia pra casa da minha avó, os cabelos todos arrepiaram, a boca secou, comecei andar rápido...de repente vi dois enormes braços que vinha em minha direção pra me abraçar...dei um grito, sai num desespero, em correria...quando percebi já tinha caído dentro da casa da minha avó...a porta ficava encostada...no empurrão que dei...já cai lá dentro... minha avó tomou um susto e foi logo perguntando:
_ O miminho (era meu apelido quando criança) o que aconteceu muleque...tá ficando maluco...quase me matou do coração....eu em soluços, chorando de medo, falei pra ela, com voz embargada do susto:
_ Vó, um “troço” tentou me pegar agora no caminho..era muito grande..tinha uns braços enormes...vó tranca a porta, ele pode vim aqui me pegar e pegar a senhora também....minha avó era daquelas velhas tinhosa, não tinha medo de nada, brava que só...e tinha uma língua afiada...falou assim:
_ Seu cagão...vamos lá ver o que é...me pegou pelos braços...eu com um medo danado...e saiu me arrastando pelo trilho afora...de repente aqueles braços enormes apareceram....ai ela falou:
_ Cadê o bicho?...seu medroso, o que te assustou foram essas sombras das folhas de bananeiras que estão balançando com o vento....seu medroso....ai fui perceber que devido a noite de lua...folhas das bananeiras formavam sombras que quando balançavam pareciam braços gigantes....fui pra casa...dormi a noite toda....no outro dia minha vó contou pro um monte de gente...fui o motivo de piada da rapaziada durante uma duas semanas...até eles esquecerem o episódio....Moral da história...”o medo é nosso grande inimigo”
J magno