Mãe do Ouro
Éramos seis.
Seis garotos.
Cinco da zona rural,
Um da Capital,
Numa noite muito escura
A procura de um milharal.
Íamos colher umas espigas.
Seria feita uma papa de milho verde
Daquelas pra encher a barriga.
Entramos em uma cava
De um canavial já extinto
Perto de um casebre.
Subimos, descemos,
Descemos, subimos,
Um morro atrás do outro
Entre o Papagaio
E a Vista Alegre.
Fomos por dentro do mato
Porque a estrada nos denunciaria
Quando estávamos chegando
Ao tão procurado milharal
Fomos pegos de surpresa
Por uma enorme bola de fogo
Que surgiu em um matagal.
Voou sobre nossas cabeças
E desapareceu no morro adiante.
Por alguns instantes
Pensei que fosse uma invasão
De seres de planetas distantes.
O que me deixou atordoado
É que, apesar da velocidade,
A bola Incandescente
Não deixou rastro,
Não deixou fogo,
Não provocou nenhum estouro.
E, além disso,
Os outros garotos
Agiram como se aquilo fosse comum
Apenas comentavam
Que seria a Mãe do ouro.