Meninotauro

Lá pelos anos 30

Quando ainda franzino

Ele era muito levado

Mas era apenas um menino

Tinha uns treze anos

Quando em uma tarde de tourada

Um adulto grande e forte

Deu-lhe uma surra daquelas

Quase o leva a morte.

O menino franzino

Voltou para casa

Todo dolorido,

Com vergonha,

Meio sem jeito,

Enquanto o homem forte

Ficou na cidade

Contando o seu feito.

Anos depois

O menino franzino

Voltou àquela cidade.

Agora ele não era mais menino.

Era um adulto forte

Parecia um touro.

A surra do passado

Enchera o seu coração de maldade.

E o que ele mais desejava

Era encontrar aquele homem

Que lhe arrancara o couro.

Como o homem não apareceu

O menino franzino

Que não era mais menino

Voltou para casa.

Na manhã seguinte

Na estrada que levava à cidade

O homem forte poderoso

Que bateu no menino

Foi encontrado pisoteado

O seu corpo todo marcado

Pelos cascos

De um animal furioso.