A fuga... ( editado)

Frederico estava entregue à vida atrás de um balcão há anos.

- Ô rapaz! Uma branquinha aqui pros meus amigo._ berrou um frequentador.

Então pegou copos, uma garrafa na prateleira e se dirigiu à mesa junto à porta.

Eram três.

Frederico notou que nenhum deles era frequentador habitual e, portanto, não os conhecia.

Manteve-se quieto e não puxou papo. Enquanto os servia, o terceiro pediu:

- Passe a régua!

Nesse momento, seus olhos encontraram por um instante com os de uma jovem tão linda que o paralisou

- Ô garoto! Olha o que tá fazendo.

O transe em que se encontrara não interrompeu seus movimentos e o líquido já transbordava.

Despertou.

Pediu desculpas e foi ao balcão buscar um pano para limpar a mesa.

Ao retornar, ele viu algo brilhar na rua.

Não teve dúvidas.

Jogou-se sobre a jovem, que naquele momento tentava puxar um dos três pelo braço.

Caíram os três no chão.

Frederico pode ouvir o que lhe pareceu ser a queda dos outros.

Ao fundo ainda se escutava a sinfonia de garrafas sendo estilhaçadas.

Quando enfim terminou, ele se levantou. A jovem seguiu-lhe os movimentos mas o homem que a jovem puxou pelo braço, não.

Ela então percebeu em seu vestido um filete de sangue e notou, surpresa, que este vinha da cabeça do homem caído no chão.

As lágrimas lhe vieram aos olhos.

- Jooorge!_ gritou.

E já abraçada ao cadáver, implorava:

-Eu te amo, desgraçado! Volta pra mim !

Aquela cena fez com que Frederico voltasse ao balcão e pegasse uma das poucas garrafas que havia sobrevivido. Virou a garrafa e começou a beber enquanto observava a cena à sua frente.

A dor que o esforço lhe fez, levou-o a perceber o seu próprio ferimento.

Sabia que não demoraria para a polícia chegar ao local chamada por curiosos à frente do bar

Não queria estar ali quando isso acontecesse.

E, à medida que a garrafa esvaziava, a cena à sua frente ia ficando cada vez mais turva.

Ainda pode ouvir o som das sirenes se aproximando antes de adormecer sob o efeito do álcool.

Estava tudo ficando, aos poucos, para trás.

Enfim, com um sorriso nos lábios, os olhos foram se fechando lentamente.

saulo ribeiro
Enviado por saulo ribeiro em 16/11/2009
Reeditado em 21/07/2023
Código do texto: T1927141
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.