Medo do escuro
Que noite foi aquela?
Eu caminhava
Pela trilha que cruzava
As terras do Alberto Laranja
E ligava a Vista Alegre
Ao cemitério de Portela.
Estava muito escuro.
Dei um tropeção
Em um bicho grande.
Era um burro.
Caí sentado
No lombo do danado
Que se levantou
E saiu disparado
Eu amedrontado
Agarrei nas crinas
Minhas pernas trêmulas
Apertavam-lhe a barriga
O que me manteve em cima.
Galopamos por quase toda a noite
Até que o xucro
Entregou-se cansado.
Quando o dia amanheceu
E tive coragem de olhar pro lado
Percebi que estava no mesmo lugar
Onde eu havia tropeçado
E o burro era apenas
Um monte de capim amarrado.