Pato Assado
Quando era criança, morávamos em uma pequena cidade aqui do interior de Goiás, aliás, uma cidade que fica uns 85 km de Goiânia, cidade pequena, que está mais para povoado do que para cidade. Nossa casa lá, parecia mais uma chácara de tão grande que era o quintal. Pois tomava conta de praticamente um quarteirão inteiro.
Certo dia minha mãe ganhou um casal de patos,
Resolveu que iria criar patos no quintal, além das galinhas e porcos que já criava. Tomada à decisão, pediu para meu pai fazer um pequeno tanque no chão para eles ter água, porque pato precisa de água, faz parte da natureza deles. Meu pai, de pronto atendeu ao pedido da esposa fazendo o tal tanque.
A população de patos aumentou rápido, de dois patos para trinta. E um belo dia minha mãe disse que iria fazer pato assado para a família. Mas, não sabia se matar pato era do mesmo jeito de matar frango aí perguntou para as vizinhas elas também não sabia. Até que uma das amigas de minha mãe chegou lá em casa, ela perguntou para a amiga que disse, já ter ouvido falar que tinha que dar pinga para o pato e depois corta a cabeça dele.
À noite minha mãe foi até onde os patos dormiam, pegou um que já estava mais velho e deixou preso para no outro dia matá-lo. Pela manhã, pediu ao meu pai, que era comerciante uma garrafa de pinga e deu para o pato. Ele ficou literalmente bêbado, pois caia para os lados. Aí ela levou o pato para uma pedra, cortou a cabeça dele, soltou-o porquê achavam que ele daria uns pulos feito frangos e morreria.
Ledo enganado dela, o danado do pato saiu em disparada pelo quintal todo, sem pescoço. Minha mãe gritou o meu tio e minha tia que moravam conosco para ajudar a pegar o pato, em prantos, porque chorava de dó de ver a agonia dele. Eu e minha irmã que éramos pequenas ficamos na janela de casa, chorando e gritando de medo. O engraçado é que ninguém conseguia pegá-lo. Até hoje penso que quando ele teve sangue pelo corpo correu.
Foi uma cena hilária ver o pato com sangue esguichando pelo corpo todo, as penas que eram brancas ficaram todas vermelhas.
Minha mãe chorando sem parar de dó, meus tios correndo atrás dele gritando, pega, pega, o danado correu tanto e veio morrer na porta da cozinha de casa, isso cortou ainda mais o coração de minha mãe, que era uma mulher muito sensível.
Minha mãe fez o pato, mais não comeu, porque lembrava da agonia dele para morrer, eu e minha irmã também não comemos, porque ficamos com medo dele sair em pedaços do nosso prato para correr. Quem comeu foi meu pai, meus tios e uns amigos de meus pais que chegaram lá casa. E com isso, minha mãe juntou sua criação de patos e deu para um tio dela que morava na fazenda, porque lá tinha água para eles. Alias esse meu tio e minha tia ficou sabendo da história toda e com isso, nunca matou um pato na casa deles.
Lá em casa, só ficou duas patas e um pato, porque minha mãe disse que queria sempre ter ovos de pata para fazer gemada para o café da manhã ou para a ceia da família. Isso de ceia a noite já outra história que qualquer dia conto.
Lucimar Alves