Aniversário frustante
Com a crise, muitos planos, tiveram que ser adiados. E a festa de aniversário do filhão também.
Mas, como mãe é mãe, com crise ou sem crise, não deixaria passar em branco uma data tão importante. E planejou fazer uma festinha bem íntima em casa, apenas para os amigos. Eles ficariam na quadra de futebol do condomínio, cantariam os parabéns e pronto. Pelo menos, essa era a intenção.
Na cabeça da mãe, estava tudo organizado.
Como o aniversário é em dezembro a maioria dos amigos estarão viajando, ou seja, vêm poucos amigos (menos bagunça para a mãe);
Foi reservada a quadra, para eles jogarem futebol;
O marido chega às 18h e ajuda a entreter as crianças na quadra e daria uma bela ajuda!
Um fim de dia bem gostoso, e o filho contente!
Pois bem... Em cima foram os planos da mãe.
Mas a festa foi assim:
A maioria dos amigos não foram viajar. Lembram da crise? Pois é. Ela também estava na casa dos amigos. E ainda, teve uma criança que trouxe os dois primos, que estavam na casa dele, devido às ferias. Estavam em 20 meninos. Pior. Vinte aborrescentes.
A quadra foi reservada, não fosse a CHUVA, estava TUDO resolvido.
Pelo menos uma coisa a mãe acertou, chegaram no horário combinado, às 16h em ponto. TODOS. Opa teve três que chegaram antes.
O pai, depois de sair do serviço, passou pra pegar os picolés, chegando em casa ligeiramente mais tarde. E vinte minutos após chegar, tinha que sair para uma reunião de última hora e não podia faltar, ou seja, a mãe ficou só. Ou melhor, com os vinte aborrecentes.
O fim de dia mais chuvoso estressante do ano.
Bom. Aqueles moleques, moleques mesmo, chegaram. Desceram um pouco pra quadra em meio aos raios e trovões, mas não estava chovendo. Ainda. Só aquele tempo feio.
Depois de uns 40 min, todos voltaram, tinha começado a chuviscar. Foi servido o lanchinho para o bando de dragas ambulantes!
O que era aquilo? Mas a mãe sobreviveu para contar a historia, isso é o importa.
Pois bem, eles comeram. Comeram. Comeram mais um pouco. Mais um pouco. Beberam. E? O que iam fazer? Voltar para quadra certo?
ERRADO. Estava chuviscando!
A mãe não sabia mais o que fazer com as crianças!
E os meninos diziam: - Olha. Parou a chuva. Vamos descer! E todos gritando, uhuuuuuuuu. Vamos! A hora que a mãe tomava ciência do alvoroço, ela se escabelou e gritava: - ESPEREM AI! Ninguém vai descer, está chuviscando ainda.
E eles perguntando: - Mas o que vamos fazer?????
A mãe, enlouquecendo, querendo fugir, dava sugestões de algumas brincadeiras, como: pata choca, mamãe de rua, barra manteiga, em vez de lenço atrás, sugeri “boné atrás”.
Mas ninguém aceitava a sugestão. Nem no quintal eles queriam ficar. Nada os convenciam. Tiveram que ir para dentro da sala.
A mãe olhava para tudo aquilo e só pensava: - O que é isto? Olhava para o relógio, e só tinham se passado duas horas.
Ela ofereceu alguns jogos, de tabuleiro, e por uns 40 min, conseguiu com que eles se entretecem. Mas foi por um curto espaço de tempo. Logo começaram a gritar:
- VAMOS DESCERRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR!
Ai a mãe pensou: - Quer saber?
SUMAM todos daqui. Nisso o marido ligou e a mulher disse: -Oh!O negócio é o seguinte: está chuviscando e eles querem descer, beleza?
Ele escutando todo aquele barulho dentro de casa, não era bobo de contrariar uma mulher furiosa naquela situação.
Enfim, soltou a cambada!
Enquanto tudo acontecia, o caçula, estava jogando no computador. E quando já não tinha mais nenhuma criança em casa, ele apareceu na sala dizendo:
- "Nossa, que gostoso esse silêncio!”.
A mãe ria para não chorar!
Mas, eis que uma hora após, eles voltaram. Todos suados, molhados, falando alto, contando o que tinha acontecido no jogo. O que um xingou, o que o outro falou...
A mãe bem espertinha colocou o bolo e foi passando o telefone, para quem precisasse ligar para mãe vir buscar.
E na hora das fotos então? Um queria fazer chifrinho no outro, empurra dali. Os quadros então, todos tortos na parede.
Eles devoraram o bolo, faziam competição de quem comia mais, até que acabaram com o bolo e não sobrou nem para o marido. Mas acho que mesmo se tivesse sobrado, a mulher não daria.
Acabou a festa. Foram todos embora. E a mãe só queria ficar no silêncio. Ficou bem quietinha. Largou tudo lá, só pensando no dia seguinte, que era sábado e a dona Ana não iria!
Ela fez o seguinte, olhou a bagunça, a bagunça olhou para ela, sentiu vontade de arrumar tudinho. Mas ai, ela sentou no sofá e não demorou muito, a vontade foi embora. Num piscar de olhos.
Deixou para o dia seguinte mesmo.
Para se animar, lembrava das frases positivas de um tio: - Que delícia que tem sujeira, isso significa que teve uma festa! Mas isso não alegrava!
Ela varrendo, passando pano, desengordurando TUDO, pensava: - Acho que preciso aumentar o salário da Dona Ana.
Mas a mãe se animou com a idéia de que isso só acontece duas vezes ao ano.
Agora, é só no ano que vem. E olhe lá!