SONHO DE UM JECA

SONHO DE UM JECA



Zé Coité era um pobre jeca, que sonhava constantemente, com a riqueza. Morador a beira de um riacho, onde havia abundancia de água e terra fértil, esterco no curral do patrão. Estava sempre a sua disposição. Mas a coragem era zero. Trabalhar, dois dias por semana e olhe lá. Filhos um a cada ano, um punhado de barrigas rajadas. O patrão tentava de todas as formas orientarem, a ele e esposa, querendo melhorar sua condição de vida, mais nada do caboclo trabalhar. Vivia sonhando fazer fortuna com a sorte grande na loteria, e com as pedras preciosas imaginárias que povoavam sua mente!
Os poucos trocados conseguidos no trabalho teria que ser divido entre alimentação e a bendita pinga. Na porta de sua cozinha nasceu por conta própria um pé de jiló, acidente de percurso, se dependesse do casal jamais plantariam. Com a terra fértil e a umidade da água que escorria da cozinha ele produzia pra caramba. Ótima alternativa para os preguiçosos. Recebeu uma cabrita de uma instituição social, numa campanha que fizeram na tentativa da melhoria em nutrição infantil. Sendo ele, um dos beneficiados do programa. Mais um motivo para se acomodar.
Todas as noites, Zé Coité sonhava que em um determinado povoado, havia um comerciante que lhe contaria onde estava um tesouro enterrado. Vez por outra ele ameaça sair, à procura do homem, mas a mulher o continha. Ele sempre afirmando, qualquer hora Patiria à sua busca.
Certo dia após chegar com as comprinhas, conseguida com seus míseros trocados, bebeu a meia da branquinha que trouxera e adormecido, muito grogue, desmaiou bem ali na beira do terreiro. De repente estava ele embrenhado na mata a procura do seu vidente. Após muito viajar por trilhas entre a mata, saiu em uma estrada bem pavimentada com belas palmeiras em suas paralelas. Muito contente ele prossegue Pela estrada, aquele local não lhe era estranho estava exatamente como descreviam seus sonhos. Andou um pouco mais visualizou o povoado, com as casas reconheceu todas, um pouco mais à frente, lá estava à venda, reconheceu tudo, até uma carga de fumo e algumas garrafas sobre o balcão. De pé a frente do comercio ele cumprimentava os transeuntes que chegavam com suas ferramentas nos ombros enxadas, foices, machados, mas ninguém respondia as suas saudações. Meio cabreiro ele logo imaginou que eles pareciam saber seu objetivo. O sol já ia se pondo quando o vendeiro que até o momento não havia aparecido surgiu fechando as portas. Diante daquela atitude ele correu adentrando no comercio. O homem lhe perguntou - o que deseja moço? - Meu desejo é o que você sabe! - O que é que sei moço?
- Onde está minha riqueza? – lá sei de riqueza sua, seu moço! – Sabe sim... Todas as noites eu sonho com este local exatamente como está, até esta falha de dente em sua boca eu vejo no sonho!
- Olha moço volte pra casa vá trabalhar... Riqueza só consegue trabalhando e muito... Há vários anos eu sonho com um casebre a margem de um riacho onde mora um caboclo com esposa e um monte de crianças mal alimentadas. Na porta da cozinha um pé de jiló muito produtivo, na frente do casebre uma cabrita amarrada em uma estaca dormindo diariamente sobre um monte de terra.
Debaixo do pé de jiló têm um pote cheio de pedras preciosas enterradas pelos indígenas... Mas isso é sonho seu moço! Nunca sai, nem pretendo sair em busca de tal tesouro!
Mal ouviu a narrativa o caboclo meteu pé na estrada e rapidamente estava em casa de volta. Apanhou seu enxadão dirigiu ao pé de jiló quando ele manobrou o enxadão para arrancá-lo, tomou uma pancada de água fria na cara e acordou; com a esposa aos berros dizendo:- seu imprestável acorda que a cabrita está comendo o pé de jiló!
Mesmo assim ele não se conformou, e diante dos protestos da esposa arrancou seu pé de jiló, encontrando lá apenas uma multidão de minhocas!!!
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 24/10/2009
Reeditado em 09/10/2016
Código do texto: T1884921
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.