O CEGO E OS ANIMAIS FALANTES

O CEGO E OS ANIMAIS FALANTES

No tempo da realeza, quando a terra era constituída por monarquia. Ocorreu o roubo de um tesouro em um determinado reino, cujo soberano, era muito cruel. Perseguidos pela guarda real os ladrões o enterraram em um pequeno sitio. Seu proprietário era um colono muito pobre, que vivia em grande dificuldade, tentando criar seus filhos com honradez e dignidade.

Ao cultivar sua roça, ele deparou-se com a terra removida no local. Chamou a esposa, e juntos, escavaram encontrando o tesouro. Uma grande variedade de peças e jóias caríssimas. Esconderam-no em sua casa e ficaram aguardando, o desfecho dos fatos, sem saber como devolvê-lo, receosos de serem acusados do roubo.

As lavouras cultivadas mal supriam a necessidade da família. E para complicar ainda mais a situação, os animais silvestres faziam um grande estrago em suas plantações. Como alternativa ele construiu um fojo para apanhar os animais, assim além de proteger suas plantações, poderia também complementar com carne, sua alimentação. Na manhã seguinte ao vistoriar a armadilha, lá estava uma bela capivara presa no buraco. Irradiando alegria, ele gritou à esposa a levar-lhe a espingarda, E qual não foi sua surpresa ao ouvir uma voz vinda do buraco: --Tire-me daqui... Tire-me daqui! Assustado ele quase sem voz começou a rezar. O bicho falou com ele deixe de ser medroso homem.... Pare com esses cochichos, vá buscar sua escada e ajude-me a sair daqui! Quase sujando a roupa e tremendo, ele perguntou:- - Se eu tirar à senhora dona capivara... A senhora me deixa em paz? – Deixa de ser medroso homem! Que dona capivara nada! ... Vê se honra as alças que veste, vai buscar a escada, antes que eu perca a paciência.

Com muito medo ele conseguiu ajudado pela esposa livrar a capivara do buraco. Ao sair ela disse-lhe:- se prepare amanhã, vai encontrar um bicho muito pior do que eu, em sua armadilha! Dizendo isso ela entrou no mato e desapareceu.

No dia seguinte pela manhã, ele apanhou sua espingarda e dirigiu-se para o fojo. Lá chegando, encontrou uma enorme cobra cascavel dentro do buraco, quando lhe apontou arma... Ela disse-lhe: - alto lá seu moço! Baixe essa arma e me tire daqui! Tremulo – ele retrucou. - há não! Hoje não... Não! .... Será possível, ontem uma capivara falante, hoje uma cobra? – Deixe de ser borra-botas homem... Tira-me daqui! Ele nem quis espichar muita conversa, tratou logo de arranjar uma vara comprida a cobra se enrolou nela, ele soltou-a no mato. Ela o agradeceu e disse-lhe amanhã: - um ser muito pior que eu, estará a sua espera! –Deus me livre! Pior que você? - Sim pior que eu! Dizendo isso ela enfiou no mato e sumiu.

No dia seguinte, pela manhã dirigindo, ele, e a esposa ao fojo, lá estava um pobre cego se debatendo, tentando sair. Penalizado e com um sentimento de culpa pelo ocorrido, ele o recolheu levando-o para sua casa e o amparou.

Passou certo tempo, o cego afamiliarizado com eles, era considerado com se fosse da própria família.

Mas uma crise financeira ocasionada, pela má administração do reino, colocou em dificuldade toda população. Em uma noite recolhidos, em seu leito marido e mulher discutiam alternativas, de como superar a crise. Quando a esposa mensinou sobre o tesouro do rei.. Se não seria hora de utilizá-lo. O marido logo a repreendeu: - cuidado o Cego pode ouvir! – Que nada... Pobre cego ele é um amor Jamais irá nos trair!

No dia seguinte de manhãzinha o cego, chamando pelo casal disse-lhes: - olha vocês são muito generosos, mas diante da atual crise, eu irei embora! Não quero ser um peso a mais, já me ajudaram muito, agora devo deixá-los em paz! Fizerem de tudo, para que o mesmo permanecesse com eles, mas não o convenceram. O colono o levou até a praça principal, defronte ao palácio do rei. Onde ele ficou esmolando.

Sentado com seu chapéu, de boca para cima ele, esmolando, cantarolava algo referente ao tesouro roubado no reino. E batendo numa lata velha, seu ritmo atingia os aposentos do rei entrando pela janela, entreaberta. Ouvindo a descrição da letra o rei mandou seus guardas prendê-lo. pouco tempo após, o colono era preso em seu trabalho acusado do roubo. O cego foi colocado no quarto de hospede do palácio, com a recomendação que fosse bem tratado, pela criadagem.

O rei mandou expedir nota, avisando que todos os habitantes do reino, estavam entimados a comparecerem ao palácio para assistirem ao enforcamento do colono. Queria mostrar a todos que os seus bens eram intocáveis, jamais deveriam ser roubados.

Preso no calabouço do palácio o colono aguardava com muita tristeza a hora de seu suplicio. O cego todo garboso esnobava sua atitude heróica perante o soberano. No dia da execução pela manhã, a cidade em polvorosa já não cabia mais ninguém, gente até de outros reinos viera presenciar a execução. Minutos antes da execução, a capivara entra misteriosamente na sela do colono. Assustado ele pergunta:- como entrastes aqui? – Isso é segredo profissional, não importa como entrei, o importante é lhe salvar a pele... Lembras que te falei que seres piores que eu iria aparecer?

A cobra está no jardim veio ajudá-lo! Entregando a ele dois papeis dobrados, explicou-lhe com proceder, e desapareceu.

Assim que a guarda o retirou da sela, o rei, rainha e a princesinha... Filha única do casal atravessavam pelo jardim para assistirem ao enforcamento. A cobra picou a princesinha. Formou-se um grande alvoroço. O soberano mandou suspender a execução, até segunda ordem.

A princesinha foi assistida pelos médicos do reino, mas a cada hora Seu quadro era mais grave. Tentaram todos os recursos, sem nenhum resultado, desesperado o rei mandou saber de todos os presos se algum, entre eles saberia alguma simpatia, ou coisa parecida, que salvasse sua filha, o colono esperançoso; deu-lhe o primeiro bilhete com as recomendações da capivara. Virou o reino de ponta cabeça, mas conseguiram. Era pelo de gato macho de três cores, coisa dificílima... Seguiram as instruções recomendadas pelo colono, em poucos minutos a princesinha estava salva.

Na praça a multidão pedia incessantemente a cabeça do condenado, à rainha tentava convencer o marido libertar o colono, mas ele afirmando que sua palavra teria que se cumprir mandou prosseguir. O prisioneiro no cadafalso de corda no pescoço. A cobra pica novamente a princesinha.

Voltaram o colono para a sela. Voltando o mesmo dilema, a criança cada vez pior, tentaram o tratamento anterior e nada deu certo. Recorreram novamente ao colono. Ele foi taxativo, – ter remédio, que cura a menina tem... Difícil será encontrar! Logo disseram, não há nada que um rei não possa conseguir! – Mas se vou morrer que morra também a filha do rei! O rei desesperado disposto a negociar, foi até a sela, implorou ao colono prometendo–lhe liberdade

Em troca do nome do remédio... O colono exigiu um documento assinado pelo soberano. -Apesar de nada resolver, pois o remédio era inexistente. Assinado o decreto de liberdade e recompensa ao colono.... O rei quase em pânico disse: - diga logo súdito -imprestável antes que eu me enlouqueça! Fazendo suspense o colono disse: -- O remédio é... O remédio é... Miolo de cego! O rei saltando de alegria disse:- é coisa mais fácil do mundo tenho um logo ali! Faca nele pessoal! E foi assim que o colono ficou livre e rico com a recompensa recebida, e a filha do soberano foi salva! Se for verdade não sei, mas que foi uma boa lição ao cego... Isso foi!!!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 23/10/2009
Código do texto: T1883052
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