Soraya:em um dia de ... (minicronto)
Soraya é uma Scottish Terrier da cor do trigo! Seu dono um empresário a encontrou na rua. A cachorrinha tinha sido abandonada! No seu corpo esquálido, as pulgas concorrem com a sarna. E, quantas pulgas! E, quanta sarna! O doutor dos animais, depois de examiná-la, dá o diagnóstico:
_ Além dos bernes, encontrei pulgas, e ectoparasitas, mas preciso fazer alguns exames mais específicos para constatar melhor todos os seus problemas.
_ Mas, Doutor Saraiva, o que é esse tal de ectoparasitas?
_ É sarna, esta terrier, têm sarna para passar para a população de cães e humanos da cidade!
O empresário olha para o cão e coça a cabeça.
_Será que ela se salva?
_Depende, ela precisa de um dono!
O homem resolve cuidar do animal. Quatro meses, após, o encontro Soraya é outra! Brinca em um jardim, e, a deixam escavar e fazer buracos a vontade! Têm um temperamento forte, mas, a sua alegria conquista todos os humanos da mansão, onde vive! O tempo torna amigo do Scottish Terrier e a sua beleza espelha a sua saúde.
O jardineiro da mansão aposenta e um jovem aprendiz fica no seu lugar. Logo no primeiro dia esquece o portão aberto! Soraya escapa e não pode ser encontrada! A família chorosa espalha cartazes com fotos do animal. Nada! A foto estampa os jornais da cidade! Nada! A procura infrutífera gera tristeza e saudade! Três meses se passam da sua fuga. O telefone toca! O mordomo chama o patrão. Do outro lado uma voz com tom de embriaguês:
_O sinhô, perdeu um cachorro, assim..., como da cor de burro quando foge? É que hoje vi a sua foto no jornal. Eu a salvei! Ela agora é minha! Se o senhor a quiser de volta..., a gente pode conversa! Gastei mais de trinta pau com o estrupício! Acredite ela comeu o meu sapato? Estou descalço!
_ Meu senhor, afinal, o que o senhor deseja?
O diálogo com alto teor alcoólico, continua!
_Eu vendo o animal por 500 pau?
_O que!?
_Está bem, não fique estressado, 200, esta bom!
_O que!?
_Intão, cem pau, si não... nada feito, amo muito o estrupício!
_ O que!?
_ Mais pare de falar; o que!?...
Silêncio! Silêncio! Mais silêncio de ambos os lados!
_Ta, tá, tá..., vinte pau prá não fica no preju!
Na hora marcada o empresário foi com o empregado à favela buscar Soraya. A terrier se encontra amarrada ao lado de fora do casebre. Uma corda ao redor do pescoço prende a fujona. Depois do negócio fechado a cachorra é solta. Corre para o encontro do dono. Magra! Repleta de pulgas e ectoparasitas. Entra no carro e olha para o dono! Ele parece que a ouve rosnar:
_Vamos logo ..., me leve daqui..., não agüento mais! Não fujo nunca mais! Chega!!