"
BOIÃO O ALEMÃOZINHO"

   Quando me vem na mente as lembranças do tempo de estudante, e principalmente aquelas imagens da minha escola querida, a ETP - Escola Técnica de Pelotas- não posso deixar de rever a cena do meu primeiro almoço. Foi tão engraçada, que marcou alguns participes definitivamente com novos apelidos. O Boião, foi um deles! Hoje quero relatar aqui nessas poucas linhas o fato em que, de maneira muito  “sutil” o alemãozinho de dois metros  e cinco centímetros de estatura, passou a ser chamado assim – o nome verdadeiro não tem nenhuma importância aqui , ainda mais que por contar um fato que também foi muito engraçado em minha infância, um dos irmãos aos quais citei apenas o apelido ,entrou com pedido de “Dano Moral” -. por esse motivo estou tendo muito cuidado nos relatos que faço. Mas vamos em frente. Entrei numa fila extensa, orientado pelos inspetores da época; Sr. Patzer ,Sr. Terclo e Sr. Eli. Todo mundo ali ansioso para sentar-se as mesas de oito lugares que ficavam no refeitório, extenso e confortável da escola. O alemãozinho chamava a atenção naturalmente pela complexão física e pela altura, ficando nítido ser alguém muito bem alimentado. Eu, ao contrário, era mais magro do que “sabiá-na-unha”; como  expressamos aqui na região.
   Finalmente sentamos à mesa e enquanto nos acomodávamos , uma das serviçais, da cozinha, trouxe uma travessa grande de massa com galinha. Enquanto voltava para buscar o arroz, o alemãozinho ,que tinha sentado num dos cantos da mesa pegou a travessa e começou a comer diretamente nela. Baixou a cabeça e foi mandando ver. A turma restante sem falar nada começou a rir, chamando assim a atenção do Sr Terclo, que dirigindo-se ao esganado jovem disse:
   - O que é isso filho?... Essa travessa é para ser dividida entre todos e não só para um. O Sr. Não tem modos?
   O alemão ficou vermelho que nem pimentão e com a boca cheia de massa respondeu:
    - Aquela senhora co...locou em...minha ...frente e não disse...nada, lá em...casa... isso aqui, é ...é ...é ...pouco!!!
    Todo mundo caiu na gargalhada, que foi completada por alguém, que disse :
     -Lá na colônia eles chamam isso de bóia, não é seu boião?
   O jovem encabulado, devolveu a travessa e o nosso querido Terclo mandou vir mais uma em substituição . Ficamos em silêncio por alguns instantes, mas bastava alguém falar em Boião, que o riso era geral.
    Boião se adaptou ao apelido, e continuou aprontado das suas, pois depois que tinha terminado sua comida, entrava na fila outra vez para poder repetir.
      Formei-me na escola, mudei-me para a capital Porto Alegre, e depois voltei à minha querida cidade. Nunca mais soube noticias dele, mas as imagens não foram deletadas e ainda mantém o brilho de uma juventude feliz e da minha segunda casa : A ETP. 
 
Esta é uma história verídica e aconteceu em 1962, na minha escola querida ,hoje Cefet.

Gildo G Oliveira
Enviado por Gildo G Oliveira em 18/10/2009
Código do texto: T1873142
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.