O prêmio de Francisco
Francisco jazia em cima da cama, pisoteado que fora pelo animal, ainda dolorido, marcado, inchado. Mas isso não tinha tanta importância, o que o magoou foi ver Florisbela na arquibancada, toda eufórica, na expectativa de que ele ganhasse o prêmio, mas em menos de cinco segundos, lá estava ele estatelado no chão e o boi fungando eu seu cangote, como que dizendo: - sai daqui fedelho, cresça e apareça. E se não fossem os palhaços uma hora dessas, Florisbela estaria chorando ao lado do caixão. Uma corrente que tinha ganhado da mãe quando criança sumiu na luta para salvar a vida. É a vida. Um dia por baixo, outro dia também. Outra coisa que ele não conseguia nem lembrar era que Pedro Marreta tinha ganhado a montaria. Marreta flertava com Florisbela sempre que podia, olhava-a de soslaio, piscava e a moça toda inibida ficava vermelha, até que certa vez contou para Francisco, que foi tirar satisfação, Pedro disfarçou e saiu-se tão bem, que todo mundo ficou sabendo. A partir daquele dia Pedro era o inimigo declarado de Francisco, mas na montaria, era ali que o rapaz queria desbancar o atrevido. Mas não foi dessa vez. Florisbela não foi visitá-lo, no outro dia, nem no outro, o horário de visita foi terrível, sem ela aparecer. As costelas quebradas, a perna quebrada e os hematomas não doeram tanto quando soube que sua amada era inibida, mas não boba. Em cinco anos Francisco não fizera o que Pedro fizera em uma hora após ter ganhado o grande prêmio, que foi pedi-la em casamento. A moça aceitou.