Violência Doméstica

Eu estava cansada de tudo que estava acontecendo com minha mãe, mas devido não ter com quem contar, passei a suportar e a conviver com os maus tratos do meu padrasto. Minha mãe não fazia nada, nunca quis denunciar, coitada. Na verdade, não sei se era tão coitada assim. Ela tinha conhecimento, mas não sabedoria. Era bonita, mas não sabia disso. Era mulher, e por isso, achava que devia passar pelo que passava.

Foi numa madrugada chuvosa que meu padrasto, ao chegar completamente bêbado em casa, agrediu e lesionou a minha mãe com uma faca. Ela gemia, tentava não acordar a mim e meus irmãos, mas sabíamos o que estava acontecendo. Ela apenas chorava, chorava e foi na manhã seguinte, que ela nos pediu para irmos embora.

Claro que não faríamos isso, não deixaríamos sozinha.

O dia passava rápido, a noite ... não! Toda vez que voltávamos da escola, eu e meus irmãos, sentíamos medo de não encontrar mais nossa mãe. Esse homem destruía todas as estruturas dela, que já não passava de um objeto para ele.

Sempre foi assim, até o dia em que eu não aguentei e contra ele, joguei uma panela com água quente. Naquele momento, minha mãe segurou minha mão e me pediu para fugir, não entendi o porquê daquele pedido e não obedecí. Meu padrastro virou-se para mim e em posse de um revólver, disparou dois tiros, um não me acertou, mas o outro, acertou a minha mãe.

Esqueci aquele homem deitado, completamente queimado e corri aos braços de minha mãe. Foi quando ela olhou no fundo dos meus olhos e me pediu para que levasse meus irmãos e junto com eles, buscasse viver uma vida diferente da que ela vivia.

Muitos anos se passaram, aquele dia nunca esquecerei.

Minha vida é diferente sim, e passo para a minha filha tudo aquilo que aprendi no momento em que perdi minha mãe e tudo por causa de um homem que a agredia. E dou esse conselho para todas as mulheres que sofrem agressões por parte de seus companheiros.

( Conto - FICÇÃO - Qualquer semelhança é mera coincidência )