CAUSOS DE MINHA INFANCIA II O PEÃO E A BOLA DE OURO.

CAUSOS DE MINHA INFANCIA II

O PEÃO E A BOLA DE OURO

Ficamos esperando uma historia nova, pois a reza lá no galpão estava longa com o Padre José, rezando alto.

O baile já estava sendo preparado.

Quando de repente o vovô Arnaldo, falou vou lá ao salão e volto logo, vou buscar um chimarrão para tomar, pois à noite tá muito quente a vamos continuar por um bom tempo acordados, só que não deixamos ir, pois pensávamos se for não volta, então eu fui fazer o chimarrão e na cozinha encontrei o vovô Nascimento, ele perguntou naquele jeito de falar macio o que eu estava fazendo então guando o respondi disse que era realmente uma hora boa para tomar um chimarrão e foi comigo para o quarto grande onde estávamos todos reunidos com vovô Arnaldo, chegando lá ele disse para o vovô Arnaldo que contaria a historia da bola de ouro, lógico que todos nós ficamos parados esperando ele começar, ele falou assim pia serve esse chimarrão que estou com a garganta seca, servi o chimarrão para ele, começando a contar a historia que na verdade era mais um conto do que uma historia.

Lá para as bandas do rio são João, tinha um fazendeiro muito mesquinho e pão duro, a peonada não gostava de trabalhar para ele, pois pagava pouco e ainda reclamava do serviço, todo o peão na época de marcação do gado só ia trabalhar com ele se não arrumassem outro serviço antes, então na pensão de dona Benta, a conversa era sempre quem vai trabalhar com o dito fazendeiro, nesse ano a chuvarada tinha chegado mais cedo então o pessoal já estava todos contratados só esperando para montar rumo às fazendas, mais a chuva era muito brava uma verdadeira tempestade, os animais não queriam sair das cocheiras então o jeito era esperar a chuva passar, a noitinha chegou à pensão um peão de boiadeiro conhecido pelo apelido de Paraguai, pois ele era nascido no Pais vizinho e falava enrolado, logo o pessoal conversando com ele lhe disseram que era difícil ele arrumar um trabalho com outro fazendeiro que não fosse com o velho muquirana, ele falou acho que ele tem uma filha muito bonita não e verdade, todos disseram a mesma coisa, sim mais ele não deixa sair de casa e o que tem isso a ver com você ter de ir trabalhar com ele este ano.

Então ele propõe uma aposta.

Primeiro seria convidado a Jantar na sede da Fazenda.

Segundo em três meses casaria com a filha do Fazendeiro.

Terceiro em seis meses ele seria o dono de metade da fazenda.

Aposta casada.

Nomearam um vigia para acompanhar o peão Paraguai e verificar se ele cumpria com o prometido.

Ficaram ali jogando cartas até que o velho muquirana apareceu em busca de um peão então todos disseram estarem com trabalho e que naquele ano só dois peões estavam à disposição, então ele aceitou levar os dois peões para a fazenda, sem saber que estava levando a tira colo um grande articulador e sonhador, sem falar que ele era considerado um dos maiores mentirosos que a fronteira já tinha visto tudo que saia da boca daquele peão era contada com duvidas, pois sua fama era grande, mais mesmo assim o velho muquirana não se importava já que ele também tinha trilhado em sua juventude de uma fama de contador de lorotas, nesse dia ate a chuva que era torrencial se acalmou para ver no que daria esse encontro do velho com o jovem, sendo que eram feitos um para o outro, já no caminho da fazenda o peão Paraguai começou á arquitetar um plano mirabolante para pregar no velho muquirana, e passou da imaginação para a prática, em um movimento rápido caiu do cavalo no meio do rio, na verdade ele pulou da ponte para cair na margem, foi um salto bem planejado e executado melhor ainda, quando o fazendeiro o viuele cair pensou perdi o peão nas águas do rio são João, o outro peão que a tudo assistia ficou desesperado pensando que Paraguai havia desistido da aposta e num momento de loucura se suicidara que nada era tudo um plano só para enganar o fazendeiro e ir o resto da viagem na carreta ao lado da esposa do fazendeiro e de sua filha, pois ele fingiu que estava machucado, sendo colocado no fundo da carreta para descansar do tombo do cavalo, aproveitou o peão para iniciar sua conquista, ganhando a confiança da dona e da filha, que pela primeira vez era vista por um peão.

Preocupadas com a saúde do peão elas forraram o chão da carreta com uma manta branca e um travesseiro de penas alojando assim o peão, para ele tudo estava saindo às mil maravilhas já tinha superado algumas etapas, entrou na carreta, estava deitado no piso, e era tratado pela esposa do fazendeiro, que também era muito sovina e visionaria, ele percebendo isso simulou estar passando mal, em um movimento rápido colocou um dente de alho embaixo de sua axila e logo a temperatura começou a subir, a mãe colocou a mão na testa do peão e falou ele ta com febre marido, precisamos apertar o passo senão esse homem morre aqui em nossas mãos, o fazendeiro respondeu põem compressa na testa dele e se nos morrer o enterraremos no brejão, mais e bom que não morra, pois já ta me custando alguns contos de reis, nisso o peão fez que estava tento um ataque de fala e disse.

- Que grande bola de ouro pai, onde vais guardar tal tesouro.

Esperou um pouco como se estivesse ouvindo resposta e dando um grito mais uma vez falou.

- Não pai, ai o senhor não pode enterrar, pois e muito fácil de achar tal tesouro, me deixaeu guardar para o senhor vou enterrar num lugar que ninguém vai achar.

E simulando um desmaio se calou, mais já estava em ação seu plano de permanecer na casa do fazendeiro.

Chegando à fazenda, tirara ele da carreta e a mulher do fazendeiro o chamou de lado e contou o que havia ouvido dentro da carreta, a respeito da bola de ouro, então eles decidiram que o peão Paraguai ia para dentro da casa grande da fazenda que era para preservar sua historia, pois os outros peões poderiam o ouvirele falar em um momento de febre e então o matarem para descobrir onde estava enterrado a tal bola de ouro, assim fizeram e o peão foi parar no quarto ao lado do quarto do fazendeiro, pois sua mulher não o queria longe já que podia morrer e ela teria tempo de arrancar uma confissão dele na hora da morte, ledo engano, o plano estava em andamento e era muito bem arquitetado e mais ainda muito bem vivido por aquele que o arquitetou, em dois tempos tudo estava preparado Paraguai no quarto ao lado, o fazendeiro e sua mulher não dormiam mais só pensando na grande bola de ouro,a filha do fazendeiro foi se acostumando com a presença de Paraguai e assim os dias iam passando, tinha dia que o Paraguai acordava bem e falava com a mulher do fazendeiro prometendo que ia trabalhar no outro dia, no outro dia ele acordava em gritos com febre alta e falava na bola de ouro e ate mesmo dava algum indicio do lugar onde poderia estar enterrado o precioso tesouro, ouro puro uma bola de mais de quinze quilos, nunca falou para ninguém, quando estava jantando, almoçando, ou tomando o café nem ao menos no lanche da tarde que normalmente era servido pela filha do fazendeiro, bem nesses lanches ele foi ganhando a confiança da moça que também era muito ingênua, pois não saia de casa para lugar algum e o Paraguai já tinha percorrido muitas léguas na estrada da vida, não foi difícil ele ganhar o coração dela até o ponto de ela se sentir apaixonada por ele e permitir que pegasse em sua mão, uma grande vitoria para o Paraguai, nesse instante sua mãe entrou e verificando que ele pegava na mão de sua filha imediatamente em sua mente povoada pela cobiça do ouro iniciou a elaboração de um plano, usando sua filha como isca, na verdade era o plano do peão que estava dando certo mais uma vez, pois ganhando a confiança da moça e deixando ela apaixonada cada vez mais ele com certeza cumpriria com o propósito de casar com ela em menos de três meses e com isso ganharia a aposta feita na pensão, não estava preocupado com o dinheiro mais sim com a possibilidade de ficar com todos os bens do fazendeiro, em sua mente a ganância e a astucia estavam plantadas e quando elas se juntam tem que ter muita sabedoria para não errar.

Bem os dias foram passando, um tentando enganar o outro, melhor enganando, a mulher do fazendeiro não mais se escondia por detrás dela mesma mais sim agora avia arranjada uma auxiliar de peso e o peão estava totalmente apaixonado por sua filha de uma forma ou de outra ela poria a mão no ouro, se ele casa se com sua filha lógica que não deixaria o ouro para outra pessoa, então pensando assim tratou de apressar o casório e o peão pensava se eu casar eles não vão me expulsar de casa afinal sou o seu genro querido, o fazendeiro não participava de nada diretamente mais não tinha sossego, sua ambição era grande demais e isso dava vantagem ao peão, só que o peão passou de estrategista para sonhador, e um sonhador é um sonhador abriu a guarda e por pouco não deixa tudo a perder, lembra no inicia a aposta era.

Primeiro seria convidado a Jantar na sede da Fazenda.

Segundo em três meses casaria com a filha do Fazendeiro.

Terceiro em seis meses ele seria o dono de metade da fazenda.

Aposta casada

Bem a primeira parte foi cumprida até com louvores, pois não só jantou como almoço e até tomou o café da manhã, dormiu e se refestelou no quarto de hospedes, a segunda já estava no papo, pois nem dera um mês e já era noivo da moça com data e tudo marcado, o resto viria com o casamento.

O casamento foi marcado e a esposa do fazendeiro foi na cidade comprou um terno para o noivo, pois não podia casar sem terno mesmo ele estando na cama morre não morre, levou consigo o fazendeiro e sua filha, pois não queria que nada faltasse no casório dele, a maior felicidade de sua vida casar sua filha com um homem possuidor em uma fortuna em ouro, foi no alfaiate e encomendou o terno, ele disse tenho que tirar as medidas, pois só faço terno sob medida, então ela falou que traria as medidas o que o alfaiate disse não ser possível, pois se ela errar ele não poderia ser o responsável, após muita bate boca ela concordou, mais na verdade ela estava com medo do alfaiate descobrir que o noivo estava à beira da morte e principalmente o ouro que ele guardava, mais não tinha outro jeito era só não deixar o alfaiate sozinho com o noivo e pronto, plano pensado melhor realizado, levaram o alfaiate para tirar as medidas, na verdade o alfaiate poderia ter feito o terno do peão somente pelo falar da mulher do fazendeiro mais o que ele queria era saber como estava indo o peão, pois na cidade todos apostavam no peão e a curiosidade era grande para saber como andava as coisas, já que até terno para o casório estava sendo feito, bem no dia do casamento o padre José falou que não podia casar o peão com a filha do fazendeiro estando ele ainda de cama então e jeito era levantar o peão e alguém o segurar em pé, assim foi feito tão logo o padre deu sua benção uma transformação milagrosa aconteceu e peão já podia ficar em pé sozinho, ate dançou a valsa churrasqueou com os outros convidados mais na hora que todos foram embora uma grande fraqueza acometeu o peão e ele agora instalado no quarto de sua esposa a filha do fazendeiro, tinha do bom e da melhor sua sogra agora ficou mais tranqüila e pensando esse peão não me escapa vou providenciar que ele me conte onde escondeu sua fortuna, pois se ele morrer minha filha tem que ficar aparada, daquele dia em diante viveu para descobrir onde esta Enterrada a bola de ouro é o peão passou sua vida tentando escapar dela.

Assim termina a historia do peão e a bola de ouro, com duas pessoas vivendo para enganar a outra, com escapadas e sagacidade sempre se escondendo, trazendo infelicidade até mesmo para as pessoas boas que vivem junto as historias de um e do outro, também uma lição não devemos desejar as coisas dos outros, pois Deus dá a cada um uma medida certa, sé eles não fossem muquiranas e sovinas não seriam enganados pelo peão é o peão se não pensasse que era o mais inteligente não seria enganado pela filha do fazendeiro e pela esposa, pois nunca viveram felizes apesar de terem tudo de bom e do melhor não faltando nada à mesa deles, o que mais faltava era a felicidade e o amor um pelos outros sendo assim e melhor sermos sempre na medida certa.

Há tem a aposta que a cidade e os outros peões fizeram, hum

É verdade mais isso já será outra historia para outro dia de reza e baile, não perca como o peão se livrou da sogra e ganhou a fazenda toda para ele.

ALCEBIADES DA SILVA ESPINDOLA

CAMPO GRANDE-MS 08/10/2009