CAUSOS DE MINHA INFANCIA- OSSOS FALANTES

CONTOS DE MINHA INFÂNCIA.

OSSOS FALANTES

Um pouco de memória da infância e adolescência, quando me ponho a escrever algo aqui dentro mais bem dentro mesmo La no mais profundo de minha memória se Poe a mexer e quer vir para fora, sempre reprimia, com medo do que pudesse vir á tona, pois minha mente e povoada por incríveis historias que meus avos contavam e que meu pai também contava, meu avo paterno era um homem de mais ou menos um metro e sessenta e cinco e muito branco quase ruivo eram seus cabelos, em contraste com meu avo materno um gigante literalmente falando, pois tinha dois metros e cinco de altura e era um guasca legitimo um índio dos pampas do Rio Grande do Sul sua cor característica de quase marrom escuro o deixava muito mais altíssimo e sua veemente fronte sempre levantada aos céus o fazia maior ainda, muito educado uma mente rara voz macia porem vigorosa, contava que era casado com minha avó uma espanhola de um metro e cinqüenta e cinco, vovó era excelente em tudo que fazia nas prendas domesticas e minha mãe com ela aprendeu como ninguém a cuidar de sua casa e de sua família, bem más quando se tratava de contar historias em épocas de festas na fazenda meu avo materno era imbatível lembro muito bem de algumas que até hoje me arrepiam, vovô gostava de contar historias romanceadas de grandes amores e de lutas desenfreadas de ginetes apaixonados e amores que de uma forma ou de outra acabavam sempre com um viveram felizes para sempre, enquanto vovô Arnaldo já era um especialista e contar historia de guerra, terror, batalhas militares, grandes caçadas, enfim cada um tinha seu estilo, mas em noites de festas quando a vizinhança se reunia para rezar o terço e bailar a noite toda nos as crianças ficávamos esperando um dos avôs aparecerem só então saberíamos se dormiríamos colados uns nos outros ou esparramados pelo quarto tínhamos lógico uma preferência por cada um dependendo de como estava à cantoria La no galpão, se a moda era alegre com muitas salvas nós ficávamos torcendo para que o Vovô Nascimento Aparecesse se era cantoria triste e só reza torcíamos para que o Vovô Arnaldo viesse então, era assim nossas noites de festas na Fazenda.

Na festa de São Sebastião em vinte de Janeiro, que era o dia da comemoração, más que na verdade começava uns quinze dias antes, pois as mulheres se reunião e fazia doces de tudo que e tipo, tinha de banana, de goiaba, de laranja, de leite, rapadura então era de tudo que você possa imaginar tinha os bolos então era cada um mais gostoso que o outro, os homens se reunião e fazia a matança, matava uma ou duas novilhas, porco, cabrito, ovelha, muita galinha, e saiam para caçar que era para dar a carne para os visitantes de a cidade levar para casa isso era para nós uma festa sem parar cada evento de matança era uma festa, os meninos se juntavam e faziam o mesmo treinando para quando fosse grande e na hora não amarelar, pois matar um porco e tão difícil como matar outro animal qualquer, então a gente treinava fingia que pegávamos o porco, correndo atrás do primeiro leitão que aparecesse se não tinha leitão solto à gente soltava só para correr atrás e pegar era uma grande diversão para nós e já tínhamos um escalado para fazer de conta que ia sangrar o bicho então a gente corria atrás tinha vez que a brincadeira durava até umas três horas os homens já tinham sangrado o porco e limpado e nós ainda estávamos correndo atrás, mas lembro bem que nunca desistíamos tinha vez ate que a gente apanhava, pois interferíamos nas atividades normais do dia dos adultos, então o reiador chispava e sempre pegava um de nós, para nós lá na fazenda o dia da festa maior era realmente o dia do santo não importava se era na segunda ou no domingo más tinha que ser no dia do santo lembro que nesse ano o dia vinte de Janeiro caiu numa Sexta feira, então a gente sabia que na sexta ia ter historia com o vovô Arnaldo, pois era o dia das historias de terror, nesse dia a festa estava muito boa lá no galpão e o Padre cantava alto a Ave Maria e o terço já ia longe quando o vovô Arnaldo chegou, para nós foi uma alegria só então ele falou assim guris e gurias o vovô hoje não vai contar uma historia de Assombração silencio total.

Mais vai contar uma historia de amor o amor dos ossos que falam, hum nossos corações dispararam, pois ele o nosso avo não ia contar uma historia de assombração mais sim de ossos e que falam quem já viu isso, eu falei para ele vovô mais isso e de terror, ele então respondeu veja guri EU teu avô nunca menti você já viu contar mentira, lógico que não tudo o que o senhor nós fala e a mais pura verdade peço perdão pela minha falta de educação, ele corrigiu tu és muito bem educado só que agora foi muito curioso e isso não e falta de educação mais tu tá perdoado e ri tiniu sua espora que mais parecia um moinho de cata ventos de tão grande que era ali colocado de uma forma diferente meio por cima meio por baixo a gente não entendia como ele andava com aquelas espora mais nós os guris a achávamos muitos lindas, pois reluziam como ouro nunca perguntei para ele se eram de ouro, pois essa coisa nos não falava mos com eles os adultos, nos crianças tínhamos nossa obrigação de acordo com nossa idade e isso não abríamos mão de jeito nenhum, como dizem hoje cada um no seu quadrado, haahaa.

Bem ele começou a historia assim.

Vocês já ouviram falar da fazenda Esperança, sim senhor foi nossa resposta, então também sabem do retiro lá no capão da pintada, sim senhor foi nossa resposta, lá vivia Sr. Geraldo Francisco com sua família Dona Margarida, sua Filha mais velha Helena que tinha quatorze anos, a filha do meio que tinha treze anos o pia que tinha onze anos e a caçula que era bebe ainda, seu Geraldo veio na festa de São João com sua família toda para comemorar na sede da fazenda que ficava umas duas léguas de distancia, interessante dizer que seu Geraldo era um homem de bem, tinha suas vaquinhas lá no retiro e era um grande carpinteiro, pois fazia carros de bois para todos que pediam o único problema era como ir até o capão da pintada e retirar os carros, pois era lá no fundo da mata do outro lado de um brejão, mais o pessoal combinavam que iam caçar as queixadas que tinha lá de montão e então traziam os carros de bois que seu Geraldo fabricava, no dia da festa de São João todo mundo se reuniu no galpão para a primeira reza, os convidados estavam todos presentes, então o Padre José falou, mande as crianças dormirem, pois esta chegando a hora da reza ao santo casamenteiro e isso não é para criança ouvir, lógico que nós ficávamos todos frustrados, pois também queríamos saber como arranjar uma esposa tinha piá ali com doze anos e a gente queria saber das coisas, mais só era permitido para as meninas que já tivessem dezesseis anos e os rapazes com mais de dezesseis anos, nossa frustração era grande demais, mais isso não impedia de a gente ficar esperando para ouvir as historias, o vovô Arnaldo continuou contando, nesse dia o seu Geraldo atrasou com sua comitiva e só chegou depois que a reza tinha começado e o Padre José já falava a respeito dos casamentos desse ano, seu Geraldo mandou os filhos todos para a casa grande ali onde as crianças ficam para ouvirem as historias ou dormirem isso dependia de cada criança, um fato que depois todos ficaram sabendo e que também nesse instante chagava atrasado a reza o peão de boiadeiro que era conhecido como bigode de ouro, porque tinha na cabeça uma cabeleira ruiva e no rosto um bigode amarelo que mais parecia fios de ouro era um peão respeitado e trabalhador, tinha uma fama de bom domador e sabia manejar bem o seu revolver que trazia atravessado na cintura um Smith & Wesson 44, niquelado com cabo de madrepérola, uma arma muito linda e eficaz , num relance ele viu quando Helena entrava na casa grande e como se tivesse sido atingido por um raio ou uma flecha, ficou estático, parado, abobalhado com tal formosura, não tomando conhecimento de que na verdade estava olhando para uma adolescente uma quase criança pois Helena tinha apenas quatorze anos e só completaria quinze lá pelo mês de novembro ou dezembro, más como o destino tem coisas que só ele mesmo explica ela também em um momento de cuidado com o bebe acabou olhando para o lado e seus olhares se cruzaram foi como dois raios de sol pois Helena era de rara beleza com seus cabelos Negros como a noite é seus olhos como duas Jabuticabas de tão negros até brilhavam como se um engraxate de olhos os tivessem polidos, naquele momento a paixão nasceu, ali, naquele instante tanto num como no outro, a única coisa que atrapalhava eram as idades, não de bigode de ouro pois era moço feito mais sim de Helena que, não tinha ainda dezesseis anos, ela entrou porta adentro mais, seu coração ficou á vagar na noite a procura daquele que havia arrebatado de seu peito o sopro de sua paixão, não se conformava em ter que ficar com as crianças enquanto lá fora tinha alguém a sua espera.

Bigode de ouro também era um violeiro com voz macia e gostava de entoar modas para as prendas então em um repente pediu licença ao cantador e pegando no pinho, pois se a lamentar sua sorte, primeiro por ter tido o coração arrebatado por um olhar que não lhe saia do pensamento, segundo por não saber quem era aquela que tinha os olhos mais negros que seus olhos já viram, nem mesmo, a pantera negra que habita lá pras bandas do capão da pintada pode ser mais linda que, aqueles olhos que por um instante só, lhe lançaram fogo transformando seu coração em uma bola de pura lava como vulcão em chamas assim se encontrava naquele instante bigode de ouro, um peão chegou a seu lado e cochichou algo ele então se, pois a enaltecer seus próprios feitos para ver se assim ela aparecia chamava no pinho seu amor e chorava por dentro por não poder ver aquela que lhe tirou o sossego, seu Geraldo ficou meio sem graça, pois logo imaginou ser de sua filha que o bigode de ouro falava mais não esboçou uma única palavra já que ele não sabia quem era melhor assim, mais sua prontidão de pai se, pois atento e não pregaram os olhos a noite toda, confiava em sua filha, mau peão e peão então melhor prevenir que remediar isso tudo se passou na primeira noite na sexta feira, a festança assim como as rezas seriam até o domingo como era o costume do local, no sábado pela manhã, todos nós fomos para um local aonde tinha preparado as corridas dos cavalos, aqui chamados de carreirada cada peão punha seu cavalo para correr contra os outros e ganhava aquele que mais vitoria tivesse, todos podiam competir, tinha corrida de cavalo contra mula, de mula contra jumento, cavalo contra égua, enfim todos podiam participar, quem tinha o melhor animal o ponha a prova, era o momento de provar que alem de ser um ótimo ginete, também era um ótimo domador e treinador, a fama ali se conquistava ou se perdia, tinha uns que eram considerados os melhores domadores e treinadores esses apostavam alto, os patrões e fazendeiros apostavam em sues animais ou nos dos compadres, se divertiam e ainda ganhavam algo em troca, as apostas sempre eram discutidas antes do inicio do pareio quando dava a largada não se podia mudar.

Num desses momentos Bigode de ouro colocou o seu cavalo para disputar, bigode de ouro tinha um alazão que ele mesmo domara e trinara já a uns quatro anos antão todos sabiam que era um animal dócil e veloz nas canchas de terra dura, só que nesse dia tinha ali também um peão novo com um potro arisco muito bonito também meio marrom e manchas brancas, ninguém conhecia o potro então as apostas foram quase todas no cavalo de bigode de ouro, foi dado a largada o potro saiu em disparada largando o cavalo de bigode de ouro para trás quase uma braça de distancia então todos se admiraram de ver isso.

Na mesma hora muitos fazendeiros quiseram comprar o potro mais o peão disse que não vendia e foi arrecadando o dinheiro ganho, só cometeu um erro dedicou a vitoria a moça dos olhos negros que bigode de ouro havia enaltecido na noite passada isso mexeu com o brio de dois homens naquela hora, primeiro de bigode de ouro que mesmo correndo e se divertindo não deixava de procurar com seus olhos s possibilidade de em um relance encontrar novamente aqueles olhos que o arrebataram na noite anterior, segundo o seu Geraldo que sabia que era sua filha, embora em formação já quase moça o peão não tinha o direito de dedicar nada a ela, principalmente sem nem a ter conhecido, então seus ossos se doeram em uma dor insuportável, seu coração de pai gritou bem alto, e sua mão sem perceber apoiou a coronha do revolver que estava em sua guaiaca, mas não foi concretizado o ato de sacar o revolver, pois o fazendeiro que estava a seu lado seu Laurindo segurou sua mão e pediu calma a seu Geraldo, mais não tinha ninguém para segurar a bigode de ouro, que em uma carreira ligeira chegou até sua guaiaca e sacando seu 44 deu dois tiros no peão que desaforava sua amada, mesmo sem saber quem ela era só naquele momento e que sua identidade se revelara, pois todos os presentes presenciaram os fatos e viram quando seu Geraldo ia já sacando de sua arma para cobrar do peão boas educação com sua família.

Bigode de ouro, saiu em desabalada carreira em pelo no seu cavalo, embrenhou-se na mata lá para as bandas do capão da Pintada, quando o Delegado chegou para levar o peão abatido, reconhecendo que ele era filho de um grande fazendeiro La das bandas da cabeceira do rio Apá, a coisa ficou difícil para seu Geraldo, o delegado queria prender ele pois era sua filha o alvo da disputa dos peões, mais o Dr. Amaral, contestou a prisão e falou para o Dr.Delegado, que seu Geraldo assim como sua filha nada tinha a ver com o causo dos peões, mais a partir daquele dia todos que passavam por aquele lugar ouviam um choro, gritos, e sempre que falavam escutavam uma voz dizer sou o osso do peão me tire daqui. Por isso todos conhecem o lugar por osso que fala. Na próxima conto como Bigode de ouro e Helena se casaram .

ALCEBIADES DA SILVA ESPINDOLA
Enviado por ALCEBIADES DA SILVA ESPINDOLA em 05/10/2009
Código do texto: T1848951
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