O INCRIVEL PUM... QUE MATOU A ÉGUA

O INCRÍVEL PUM... QUE MATOU A ÉGUA

Chico Tó um matuto com característica gigante, media acima de dois metros, bem acima. Comia de acordo com a disponibilidade. Certa vez na capina de uma roça de milho que seria efetuada por cinco peões e ele, os colegas deram o tombo, faltaram ao compromisso. No horário do almoço, o patrão não tendo conhecimento da falha, compareceu levando a gamela de bóia para os seis, ele comeu tudo. No horário da janta, surpreso o patrão querendo testar seu apetite compareceu levando a mesma porção.

Ficou ainda mais surpreso, ao vê-lo sentado no cabo da enxada à sua espera. Havia terminado o serviço.

Suas façanhas no trabalho e no apetite, o tornou uma figura polêmica, todos os fatos ocorridos com exagero eram atribuídos, ou comparados a ele.

Analfabeto de corpo e alma foi certa vez arrolado, ele e a mãe, como testemunha, em uma agressão sofrida por uma pobre coitada, que se prostituía para não morrer de fome. Uma destas barbáries cometida pelos machões inconseqüentes.

Na delegacia a escrivã tomando seu depoimento perguntou:- sua idade senhor Francisco...? - Quarenta e dois anos! Terminada sua oitiva, como a mãe atrasara um pouco, querendo prosseguir a escrivã pediu-lhe a passar os dados da mãe. - Nome de sua mãe? - Fulana de tal. - idade-Quarenta anos! - Senhor está enganado...!-Tô não senhora, fiz quarenta e dois no fim do ano, e mãe vai fazer quarenta semana que entra!

Chamando pelo delegado a escrivã perguntou; - e aí doutor como faremos? As testemunhas estão com um sério problema! O filho é mais velho que a mãe! O delegado perguntou à queixosa:- você tem outras testemunhas? Se não tem dou o caso por encerrado!

Chico morava com a mãe e suas irmãs na localidade denominada Lagoa do Peixe, numa casa assoalhada de barrotes e vigas de aroeira lavradas em quinas viva. Sem banheiro, suas irmãs faziam xixi pelo buraco do assoalho entre as frestas das tábuas. Não havendo cerca no entorno da casa, uma manada de animais criados a solta, atraídos pelo sal da urina, vinham lamber o chão debaixo do assoalho. Com o tempo formou-se um buraco no local, entre o chão e a viga ou barrote, como queiram... Onde o animal enfiava a cabeça roendo a terra.

Em uma bela noite de luar, após um dia instigante no trabalho, Chico descansava espichado sobre um banco de tábua na cozinha da casa, isso após ter ingerido um lanchinho em sua costumeira ceia da noite, pequeno, apenas um pote com meia quarta de farinha e quinze litros de leite, mais um pouco de batata doce assada, pouquinha, meia@. Mais ou menos. (pra quem não sabe quarta foi uma medida usada no passado, um recipiente com capacidade para doze litros).

No lago o batuque dos anfíbios era ensurdecedor, misturado com o piar insistente dos paturis. Na casa os eqüinos disputavam o espaço aberto sob o baldrame de aroeira roendo, truque... Truque!

As moças cochichavam, não querendo perturbar o sono da mãe. Chico com a barriga maior que o titanique, tentando se livrar do gás forçou um pouco a barra, e mandou Braza. Foi um estrondo tão grande que a sapaiada da lagoa silenciou imediatamente, os paturis esvoaçaram voando todos para o cerrado. - Coitada da égua... Pobre animal assustou tanto! Bateu a nuca na quina de aroeira e rolou pelo terreiro esperneando. Naquela confusão até os vizinhos que moravam a meio quilometro distante, assustados, com o estouro correram ao local, mas nada puderam fazer, pois a égua estava mortinha da silva.

Acredite se quiser, mas é um fato verídico. Confesso que exagerei um pouco, apenas no lanchinho e na dimensão da explosão. O resto é a mais pura verdade.

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 30/09/2009
Código do texto: T1840412
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