Não sou Ré Primária..rss

Há uns 10anos ,trabalhei num projeto de pesquisa estatística onde íamos aos bairros escalados fazer um questionário de perguntas que incluia desde a eletrodomésticos que os moradores possuiam ao salário dos mesmos.

Era uma pesquisa para avaliar a qualidade de vida da população da cidade.

O levantamento era criterioso,com planilha perfeita onde qualquer distração,era um atraso enorme na pesquisa.

Por um erro mínimo,perdíamos dias de trabalho.Portanto,toda atenção...era pouco.

Tinha um amigo que sempre tirava algumas dúvidas minhas quando eu me deparava com alguém que não aceitava responder,ou que se recusava a falar a faixa salarial da família.

Muitos ficavam receiosos em dizer por medo do dinheirinho suado deles fossem confiscado,afinal não havia muito tempo que Collor de Melo havia feito aquele boqueio na poupança dos brasileiros.

Quando me deparava em situações difíceis era o meu amigo que me socorria,me dando uma saída para as dificuldades que eu encontrava,pois,ele já trabalhava com pesquisas do tipo a mais tempo.

Fui escalada para um bairro de classe baixa, onde poucos ganhavam mais que o salário mínimo e a grande maioria fazia bicos para sobreviver.

Num determinado dia, cheguei na casa de um dono de sacolão do bairro.Estava tranquila

seguindo meu questionário normalmente,quando para minha surpresa no quesito salário ele solta R$4.000,00 na faixa salarial. Pasma, o perguntei:

_Bruto né?...mesmo achando inacreditável que o bruto dele pudesse ser esse valor,pois,o salário mínimo da época era + ou - em torno de R$120,00.

Ele me respondeu: Não, líquido.

Diante do visual do sacolão,diante da moradia dele,senti que ele estava querendo passar pra mim uma idéia que ele era o bonitão do pedaço.Quase que o pedi em casamento ali mesmo!!!rss

Naquela época não era qualquer empresário que tinha esse ganho,mas,fazer o que?

O entrevistado era ele e a regra era registrar o que nos era dito e nunca questionar ou duvidar do entrevistado.

Pois bem, o valor que ele dizia ganhar naquele bairro tão pobre, seria aproximadamente 30 salários mínimos.

Mesmo se todos habitantes do bairro comprasse 10kg de hortifruti por semana na mão dele,não dava esse valor líquido.

Passado alguns dias, me deparei com um erro em minha planilha.

Antes de passar a planilha pro meu chefe liguei pro meu amigo em cólicas e contei-lhe sobre o erro e o pedi ajuda.

Seria uma trabalheira danada,um pequeno erro,mas,que ao lançar na planilha não ia fechar.

Eu e meu amigo,éramos sérios com nosso trabalho e o fazia com toda honestidade,porém,diante desses impasses tinha saídas fáceis,porém,precisava que faltássemos com a verdade.

A planilha não bateu por um número,ou seja,um questionário.Caso eu jogasse um dos questionários no lixo,tudo daria certo,porém,por um azar poderiam fiscalizar meu trabalho e descobrir que eu não havia pesquisado corretamente.

Mas,de repente me lembrei do sujeito que ia acabar com a realidade da miséria do bairro a partir do momento que somassem tudo, os R$ 4.000,00 dele ia dar uma estatística fora da realidade.

Advinham o que eu fiz?

Matei o único rico do bairro!!!!!! kkkkk

Mas cá pra nós...

Com ele, a estatística não seria verdadeira,ao ponto que tendo ele com um ganho tão acima do normal a estatística poderia vir a ser discutida,afinal que chefe não ia notar um valor tão diferenciado numa planilha?

Quando conto esse fato,sempre falo....

Tive que matar um cara! Não tem quem não arregale os olhos pra mim..rss

Re Master
Enviado por Re Master em 28/09/2009
Código do texto: T1837153
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