A PRINCESA LEILOADA PELO REI

A PRINCESA LEILOADA PELO REI

Um palácio construído em ouro prata e marfim. Figurou-se na maior riqueza da face terra. Era invejado pelos soberanos de todos os reinos do universo.

Atraídos pela ambição, os nobres do mundo inteiro almejavam a mão da herdeira daquele fabuloso reino.

O soberano ao contrario de sua esposa colocava os bens que possuía acima da felicidade da filha, recusando todas as propostas de seus pretendentes. A rainha muito bondosa apoiava sempre a filha que procurava com muita simplicidade cultivar suas amizades, entre as criadas e os súditos do reino, o que, aliás, não agradava em nada ao rei.

Orgulhoso e soberbo ele cometia várias injustiças com seus súditos entristecendo profundamente mãe e filha.

Aproximando o aniversário da princesa programou-se uma grande festa, e a nobreza de sangue azul fora convidada em massa para o grande evento. Comitivas e mais comitivas chegavam de todas as estâncias e reinos existentes no planeta. Acomodações não faltavam, afinal àquele era o maior palácio existente na terra.

Pensando em lucrar com o casamento da filha o rei promoveu um desafio, colocando sua mão em jogo, determinou: - aquele que oferecesse a ela o presente mais valioso Desposá-la-ia.

O que ele não sabia, é que o coração da filha já tinha dono. Ela era apaixonada pelo cocheiro do reino, que por sua ordem a ensinara cavalgar. A mãe apoiando a filha, prometeu-lhe ajudá-la na escolha do noivo, que, como previa o pai, ocorreria após o grande banquete, quando cada pretendente entregasse seu valioso dote.

Tudo correu razoavelmente bem com a mesa repleta de iguarias, refinados vinhos e licores.

Enfim chegou o tão esperado momento. Sentado em seu trono ladeado pela filha e a rainha, o soberano ouvia a descrição de cada pretendente candidato a genro, que ao entrar na sala, após beijar-lhe a mão depositava sobre a luxuosa mesa, forrada de cetim, o valioso tesouro.

Apesar de machista, o rei era perdidamente apaixonado pela esposa, e como mulher, ela aproveitava os momentos mais íntimos do casal para conseguir seu consentimento na realização de seus objetivos. E foi em um destes momentos que ele permitiu a ela a inclusão de vários súditos na grande festa, dentre eles o cocheiro.

Lendo o currículo de cada nobre o porta-voz palaciano descrevia sua riqueza, anunciando seu dote em beleza física valor financeiro.

Jóias em ouro maciço cravadas de diamantes, colares, gargantilhas, anéis e etc., enfim tesouros valiosíssimos. O ultimo a ser apresentado chamou a atenção pela simplicidade de sua descrição. O porta-voz o descreveu como o príncipe do bosque, anunciando sua riqueza imaterial edificada por sonhos e fantasias elementos fundamentais que alimentam a alma,dando alento ao corção. Entrando em sena, o cocheiro beijou a mão do soberano, colocando sobre a mesa um ramalhete de flores,

Irado o rei quis contestar, mas a rainha o conteve refrescando sua memória. Lembrou-lhe aquele momento intimo quando sua palavra foi empenhada, afirmando que palavra de rei obrigatoriamente tem que se cumprir. Chegado o momento tão esperado. Como prometera à rainha, em seus momentos de deleite, o soberano permitiu à filha fazer a escolha. Contrariando o desejo do pai ela optou pelo ramalhete de flores. Furioso ele pediu-lhe explicações.

Segurando-o pelo braço, ela o conduziu até a janela, onde se tinham uma esplêndida visão da copa das arvores mais altas do bosque que confrontavam a janela. Escolhendo a mais florida ela perguntou ao pai,

- vedes aquela maravilha de flores sobre a arvore?

– Sim, mas o que tem a ver flores com o nosso problema?

– Acontece que são flores de um simples cipó, que nasceu aos pés da arvore, e entrelaçando no seu tronco pode chegar ás alturas, provando ser viável exibir-se no mesmo nível da poderosa arvore. Sem palavras ele ordenou: – prossiga filha.

-Aquela arvore poderá perfeitamente representar tua vida, e em poucos minutos eu provarei isto, se me deres permissão!

- Permissão concedida filha...

– Digamos que tu seja a arvore em questão, todo poderoso. Sabe de onde vem tanto poder? De suas raízes entremeadas na lama, sujas e esfomeadas buscando se sustentar das migalhas que são restos atirados no lixo, lixo este, que tu despesa, e que na verdade torna-se sua razão de ser.

Ao desprezar um de teus súditos desprezas a ti mesmo, por que são tuas bases, tuas raízes!

Mande cortar as raízes da arvore assim como mandas colocar na forca teus súditos, e verás que morrerás com elas. Se ao contrario mudares de idéia, o cocheiro será o cipó, tu arvores, e eu serei flor, produzirei frutos, sementes, e te darei muitos netos.

Em grande comoção o rei abraçou a filha, consedeu sua mão ao cocheiro. Casaram-se e foram muito felizes.

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 26/09/2009
Código do texto: T1832999
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