O Homem da Cueca Branca
Adepto da boa higiene, primando sempre pelo rigoroso asseio das partes íntimas, se aquele homem participasse de um concurso em que a sua mulher fosse solicitada a adivinhar a cor de sua cueca, ela certamente responderia: branca. Esse costume deve ter sido adquirido quando uma de suas filhas ainda estudava num colégio de freiras, em cuja farda era obrigatório o uso de meias brancas.
Certa vez, numa reunião de pais e mestres, uma das mães sugeriu que a escola mudasse a cor da meia, sob a alegação de que a cor branca sujava mais. De pronto, a Madre Superiora respondeu: “não suja mais, é que mostra mais, não esconde a sujeira”. Todas concordaram em manter a cor branca, em defesa da maior higiene, assumindo o encargo de lavá-las com maior frequência. Tal qual a cueca, sendo branca, mostra logo a marca resultante de uma possível flatulência abusiva, pelo que já deve então ser lavada. Para consolidar ainda mais a opção pela cor branca, eis que, ao mudar de empresa, esta adotava o uso de camisas de cores sóbrias, preferencialmente a branca. Advertido, certa vez, de que a sua camisa não estava nos devidos padrões, pela cor inadequada, tornou-se radicalmente adepto da cor branca, a fim de que não pairasse nenhuma dúvida de que não era uma cor sóbria. Somente ao aposentar-se aderiu a outras cores de camisa, mas manteve a tradição da cueca branca, pelo aprendizado do não esconderijo daquelas marcas imprevisíveis.
Acho que as mulheres também deveriam assim proceder, para evitar que alguns respingos da menstruação ou mesmo das inevitáveis flatulências fiquem ocultos. Assim como naquele homem, essas partes devem estar rigorosamente limpas, até porque muitos costumam agir como animais, lambendo a fruta antes de comer. Mais um voto favorável, em nome da higiene.