Dourado em Lata
Então vai uma estória de dourado, do Custódio Mineiro:
Ele disse, (e o Jovaci, seu filho, escutando) que tava pescando e que sentiu um puxão meio fortinho. E ele, já dono da situação na roda de ouvintes, continuou a contar:
- Caramba, deve ser grande. Acho que vou perdê-lo...
A vara, como todas de suas estórias de peixe grande, era prá lambarís, pequena, frágil e com anzol pequeno. Mas percebeu que o bicha estava fisgado, foi trazendo com jeitinho, trazendo....
Quando vai aflorando alguma coisa estranha, e qual não foi sua surpresa... era uma lata, já bem velhinha...dessas de 20 litros.
Viu que estava pesada, e a linha, com o anzol, entrava pelo furinho na tampa da lata. Como não saía, começou por tentar retirar a água. Mas não saiu quase nada de água. E a lata continuava pesada. Pegou um abridor (e tinha isso lá na beira do Rio...) e abriu a lata e surpreso verificou que era um enorme dourado, de novo, de uns 20 kgs...(mentira calculada: mais ou menos a capacidade da lata). O bicho tava meio quadradão, mas era um dourado...
Bom, ficou incucado com aquilo e começou a matutar como podia ter acontecido aquilo... chegou então à conclusão, que o dourado havia entrado pelo furinho da lata quando ainda era um alevino, fugindo de outros predadores, e, no Panemão - Rio Paranapanema - tinha cada trairão de 50 a 60 kgs ... Ali dentro, protegido, cresceu tranquilo, só que em pouco tempo, não pode mais sair... e assim foi, até casualmente ser pescado pelo grande Custódio Mineiro...
E ele ainda dizia, para os olhares incrédulos:
- " Uceis podé num acreditá, mas tá qui o Azor e o Chiquinho Mineiro de testemunha, que num mi deixa mentir (sozinho)"