Machão Nordestino
Lá pras bandas do meu sertão, na minha época de rapaz, aquele que ousasse desvirginar uma moça sem a intenção de casar com ela corria o risco de levar um tiro do seu pai, que dizia ser este o meio de salvar a honra. A única maneira de evitar o caminho do cemitério era aceitar o casamento. Civil e juridicamente, não estava obrigado a casar quando a moça fosse maior de idade. Entretanto, pela lei do “trabuco”, a vida estava em risco se não aceitasse o chamado “casamento na marra”.
Conheci um caso em que o rapaz, achando-se também de família valentona, alardeou que não casaria, alegando ser a moça de maior, isentando-o da obrigatoriedade do casamento. Como consequência, o pai da moça convidou a família do rapaz para um entendimento entre as partes. De pronto, foi logo dizendo:
_ “Filha minha pode ter setenta anos, se for solteira é de menor, ou casa com ela ou entre neste”. E apontou-lhe o revólver.
De imediato, ali foi feito o acordo de que o rapaz casaria, salvando assim a honra da família. E o casamento aconteceu. E o mais interessante é que o casamento ainda perdura, tendo gerado filhos e netos, hoje uma família admirável, com outros costumes, graças a outro caminho que procuraram trilhar: o da educação.
Não vemos outra maneira de se conquistar uma paz duradoura, se não através da civilidade.