O dia em que Jardel foi o CARA
Desde cedo o Jardel levava jeito pra azarado. Pode acreditar que se o Jardel tivesse uma ferradura como talismã, seria na forma de tatuagem, de algum coice levado, e se portasse na época uma pata de coelho, garanto que na mesma época teriam criado o IBAMA só pra implicar com o rapaz; barrufo de fumaça de caboclo pra fechar o corpo e evitar mal olhado, levariam o pai de santo à inadimplência por ser exposto ao descrédito. Desconfio até, que a morte do mar morto se deveu a um banho de descarrego na fonte. Certa vez – Jardel tinha lá seus dezoito anos – sua tia Vanda pediu para que fosse comprar um botijão de gás lá na cafua. A cafua ficava no finalzinho da rua nove, num barranco,no outrora lindo bairro de Coelho Netto, no Rio Jardel colocou o botijão de gás vazio no carrinho de mão e partiu ladeira acima. O tempo passava, o almoço atrasava e nada do Jardel com o gás. Tia Vanda, prevenida e intuitiva que era ( ainda é), providenciou pão com goiabada pra gurizada e esperou, pacientemente ( hoje já não mais tão tão). A cafua não ficava distante mais que quatrocentos metros da casa e quarenta e cinco minutos já era exagero, mas, eis que chega Jardel, lacrimejando e falando pra dentro. O que foi, menino? Fala pra fora. Cadê o gás? – Perdi o dinheiro, tia. – Hem???!!! – Perdi o dinheiro (já aos prantos ). Tá. E cadê o carrinho e o botijão vazio? – Aiiiii!!! Do céu!!! Esqueci na cafua. E a gurizada foi ao delírio quando tia Vanda decretou. - Almoço na casa da tia Filu E lá fomos nós, ladeira abaixo, achando que Jardel era o Cara. Quem levou o botijão e o carrinho deve ter achado também, menos a tia Filu.