Era uma vez um papagaio chamado Paquito...

Havia, não faz muito tempo, em uma modesta residência, um papagaio chamado Paquito. Tal papagaio tinha uma enorme fama de ser delator de pequenas imprudências cometidas em sua presença, e, como observador corujal, nada lhe passava despercebido.

Se o Juquinha, menino levado, atacava a geladeira antes do almoço e devorava os doces da sobremesa, bastava a mãe dele chegar na cozinha que Paquito tudo dizia: “Doce gostoso. Uhu. Doce gostoso de abacaxi”. Fazendo o menino levar um cascudo e espumar de ódio.

Se o namorado de Rosa, a filha mais velha, avançava o sinal, era só o pai dela aparecer para que Paquito os denunciasse: “Tira a blusa. Háá. Vamo prra de trrás do muro meu amoorr. O velho não vai veerr. Uhu. O velho não vai veerr.” Os olhares eram fuziladores.

Se Seu Antônio fumava escondido perto de Paquito, este logo alarmava a casa inteira: “Fogo.Fogo.Vou morrerr sufocado”. Era o suficiente para Dona Ana mandar o pobre homem dormir no sofá.

Paquito não era uma figura muita querida e vivia recebendo ameaças.

“Eu ainda arranco a língua desse papagaio f.d.p.”

“Quero ver ele dedurar mais qualquer coisa com o pescoço quebrado”.

“Um dia desse eu ainda boto veneno de rato no alpiste dele”.

Até que um dia, quando voava pela casa, Paquito esbarrou em um vaso derrubando-o e quebrando-o. O gato, outro morador doméstico, viu. Paquito, então, temendo ser denunciado, fez de tudo para negociar o silêncio do felino, porém de nada adiantou.

Calado estava e calado ficou o gato até o dia de sua morte. Paquito compreendeu seu mal comportamento e nunca mais denunciou nada. Ainda assim, papagaio Paquito foi morto com uma pedrada misteriosa.

Caterine Araújo
Enviado por Caterine Araújo em 02/08/2009
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