A BOMBA D' ÀGUA

Alcides chega a casa e encontra a esposa, Antonieta tirando água do poço.

- Eu já disse que não quero que você puxe água do poço. É muito pesado. Pra isso eu pago o Geremias.

- Mas a água acabou e eu não sei onde está o Geremias.

Cidinho aparece e o pai o recrimina:

- Por que não veio tirar água para sua mãe

- Ah! Papai! Isso é obrigação do Geremias.

- Mas, por onde anda o Geremias?

- Está lá embaixo jogando bola.

- Pois vá chamá-lo então.

Geremias chega reclamando:

- Eu já enchi a caixa, hoje.

- Mas já acabou. Pode encher de novo. Você ganha pra isso.

Para resolver de vez o problema da água, Alcides resolveu colocar uma bomba no poço. Assim teriam água com fartura sem amolação.

Depois de consultar vários catálogos e pesquisar preço e qualidade, decidiu-se por uma moderníssima, de última geração que mandou vir da Capital.

Assim que chegou a encomenda, mandou chamar o Ramiro, poceiro.

- Quero que você instale esta bomba no poço.

- Mas eu não sei fazer isso não.

- Como não? Você não é poceiro?

- Sou, mas instalar bomba eu não sei, não!

- Vamos ver o manual. Não deve ser difícil.

O manual era em inglês e o Alcides não entendeu uma só palavra.

Chamou o filho:

- Cidinho! Vamos ver como vai o seu inglês. Venha traduzir este manual.

Cidinho folheia, olha e sacode a cabeça:

- Não sei nada do que está aqui.

- Como não? Você não tem aulas de inglês?

- Mas isto aqui eu não aprendi ainda.

- Pegue o dicionário.

Pegou, folheou, encontrou algumas palavras, mas não refrescou nada.

O Jonas! Garanto que o Jonas dá um jeito nisso.

Jonas era uma espécie de cola- tudo na cidade. Resolvia todos os pequenos problemas de mecânica, eletricidade, hidráulica e outros. Não tinha uma profissão definida, mas fazia de tudo um pouco.

Jonas também não sabia inglês, mas, esperto, não tardou a descobrir como devia ser instalada a bomba e, fez logo toda a instalação.

Mas havia uma parte que tinha que ser colocada no fundo do poço e o Jonas não descia no poço.

Chamaram novamente o Ramiro e o Jonas ensinou a ele como devia ser feito.

O Ramiro desceu, fez a ligação errada e a bomba não funcionou. Subiu de novo. Jonas repetiu a explicação. Desceu de novo, tornou a errar, subiu outra vez, e assim muitas vezes.

De tanto ouvir as explicações, até o Alcides já tinha compreendido e, então, eram os dois para elucidar o Ramiro que cada vez entendia menos.

Jonas perde a paciência:

- Não sei por que você não entendeu ainda. É tão simples!

- E por que você que sabe não desce lá e resolve isso de uma vez?

- É mesmo, Jonas, você podia descer.

- Eu não desço de jeito nenhum. Você é que devia descer, Alcides!

- Eu? Não!

Ramiro dá uma risadinha irônica:

- Vocês dois aí, sabem tudo, mas não tem coragem de entrar no poço. São uns medrosos!

Floriano, o prefeito, veio fazer uma visita para o Alcides.

Conversa vai, conversa vem, e o Alcides acabou contando seus problemas com a bomba d água

- Mas você foi comprar bomba para pôr no poço, justo agora que a água encanada já vem aí?

- Verdade? Não estava sabendo.

- Como não? Eu não prometi na campanha?

- É, mas eu pensei...

- Pensou que eu fosse como esses políticos que prometem e depois não fazem? Eu faço questão de concretizar tudo que prometo..

- Que beleza! Vamos ter água encanada! E o serviço, deve ser demorado, não?

- Pelo contrário é muito rápido. É só furar o poço artesiano, construir as caixas, fazer a rede, os encanamentos... Tudo muito rápido.

- E quando é que vai começar o serviço?

- Assim que eu conseguir um patrocínio.

- Bom, se é assim, não vou mais esquentar minha cabeça por causa dessa bomba danada. Vou esperar a água encanada.

E tudo voltou ao marco zero:

- Geremias!

- Venha puxar água!

- A caixa secou!

- Geremiiiias!

- Onde está esse moleque?

- G –e- r- e- m- i- a- s ! ! !

Maith
Enviado por Maith em 02/08/2009
Reeditado em 05/08/2009
Código do texto: T1732734