O CONVITE DE UM COMPADRE MUITO SAFADO ( Celismando - Mandinho)
O CONVITE DE UM COMPADRE MUITO SAFADO
(Celismando Sodré - Mandinho)
Não sei se já tive um amigo mais safado do que Nio Cola. Gozador, “malandro”, “irresponsável”, mas é meu amigo. Hoje ele vive como escravo da correria lá em São Paulo, como a maioria dos nordestinos, mas, enquanto morou em nossa cidade, Nio cola aprontou muitas presepadas e deixou uma amizade muito grande, o peste. Por isso, de vez em quando lembramos de suas histórias com alegria, por que é um sujeito que não ligava muito para as coisas da vida naquela época, diferente da maioria das pessoas, que vivem preocupadas demais. Ele costumava dizer: “pra que ligar se a morte é certa”.
Nestor de Rui, outro grande gozador, tornou-se compadre de “velho Cola”, tendo um pelo outro uma grande consideração. Certo dia está o danado do Nio Cola, tomando umas e outras para almoçar, como era do seu costume, e encontra o compadre Nestor. Muitos abraços, considerações e juras de amizade, depois de algumas cervejas e cachaças, o “grande Cola”, convida o compadre para almoçar em sua casa, e imediatamente afirma que não aceita um “não” como resposta, senão, seria a maior desfeita. Emocionado, já quase chorando, ele abraça o amigo e compadre, e “o peste” marca para uma hora da tarde o almoço e que já ia mandar avisar Leila, a Irmã Dulce do seu lar, sua esposa que por sinal é a mais paciente mulher que já vi no mundo. Acordo firmado, os dois se despedem e Cola diz que vai passar mais lá na frente para tomar só a “última cervejinha” para o almoço, porque “acordo é acordo”.
O grande Nestor, chega em casa, avisa a sua esposa para ir se preparando que mais tarde haverá um almoço de confraternização familiar com o grande amigo e compadre do coração, que foi praticamente intimado a comparecer e não poderia faltar em hipótese nenhuma.
Doze e meia, O velho Nestor que estava no Sofá assistindo a um programa de esporte, e tinha cochilado um pouco, desperta e fala para esposa: “vamos nos aprontar, que já está quase na hora.” os dois tomam banho, vestem uma roupa decente para a ocasião e partem juntos para a casa do velho Nio Cola. Chegam à casa do compadre, mais ou menos uma hora e dez minutos da tarde, e Nestor bate na porta, ninguém responde, bate novamente e nada, percebem que a porta esta entreaberta e entram para ver o que estava acontecendo, e os dois se deparam que aquela cena do sujeito que termina de acordar depois que tomou todas.
Neste momento, levanta o “safado” do Nio Cola do sofá, cabelo arrepiado parecendo arapuá, calção amarrotado e sem camisa, meio tonto ainda de ressaca, o peste ainda diz: “ é o que compadre... ta acontecendo algum problema? Nestor responde: “problema!! Tu não convidou a gente para almoçar pela manhã lá no bar de Glauber, Nio Cola?” O safado parou, coçou os cabelos, tirou as remelas dos olhos e falou: “acreditou... o compadre acreditou” !!!! e deu aquela famosa gargalhada que lhe é peculiar. A esposa de Nestor veio logo embora com raiva.
O velho Nestor, me afirmou depois que na hora deu vontade de dar um soco na cara do compadre, mais depois pensou melhor, e o jeito foi rir junto com o safado. Quando olharam para o fogão tinha uma panela com um arroz queimado, e em cima da mesa uma lata de sardinha para ser aberta. Soube-se depois que Leila, a esposa estava na casa de sua mãe, desde o dia anterior.