___ESCOLHA EQUIVOCADA__
     Anne se sentou a mesa, por instantes olhou o
     prato com a sopa rala dando um profundo sus-
     piro.
     Sorveu alguns goles,num gesto apático nem ouvia
     o tagarelar do seu pai.
     Terminou em silêncio e se levantou indo em dire
     -ção a varanda.
     O cheiro de terra molhada a fez fazer uma ca-
     reta, procurou nos bolsos do surrado casaco o
     cigarro.
     Quando o encontrou acendeu dando demorada
     tragada.
     Fazia frio, o vento cantava e ela sentiu um ar-
     repiu, se encolheu.
     Em silêncio fitou o breu imaginando o quanto a
     vida lhe parecia ardúa.
     Por instantes fechou os olhos, as imagens da ve
     -lha revista com as moças bonitas de roupas ca
     -ras lhe vieram a memória.
     Estava cansada da mesmice habitual, da jorna-
     da estafante na lavoura, de viver das sobras.
     Seus pensamentos foram interrompidos pelos
     gritos do pai.
     Quando adentrou a velha casa o viu caido, azul
     e sentiu o coração gelar.
     Aos gritos pediu socorro, instantes depois a ca-
     sa estava repleta de curiosos.
     Todos pareciam querer saber os motivos do pa-
     nico da jovenzinha.
     Instantes depois chegou o curandeiro da aldeia,
     com ar solene ele anunciou a morte do seu Jõao.
     Anne, nada mais ouvia, chorou, praguejou sua
     sina e se ajolhou abraçando o corpo inerte.
     Chorou o amargo de sua vida marcada pela po
     -breza e da miséria.
     Quando o dia raiou já haviam preparado seu Jo
     -ão para o sepultamento.
     Anne estava com o rosto inchado de tanto cho-
     rar,já nao mais lembrava a mocinha de rosto
     corado.
     Aguns se apiedavam dela, outros teciam comen-
     tários maledicentes.
     Pontualmente ao meio dia seguiram para o cemi-
     tério.
     O pai nosso rezado fevorosamente, o caixão sen
     -do levado pela estrada de terra vermelha.
     O padre fez o sermão habitual e o caixão des-
     ceu a sepultura.
     Aos poucos as pessoas foram se afastando, ca-
     da qual retornando a suas vidas.
     Anne voltou para casa, doida com seu luto e em
     seus pensamentos uma única certeza.
     Arrumou as malas e seguiu em direção a estra-
     da que levava para a cidade.
     Caminhou até seus pés fazerem bolhas, exausta
     chegou a uma imponente casa.
     Tocou a compainha a senhora que lhe atendeu
     a olhou de canto de olho.
     Intrigada com aquela jovenzinha que lhe vinha 
     pedir abrigo.
     Mas viu nela uma rentabilidade a longo prazo
     satisfátoria.
     Se passaram alguns anos e Anne se tornou uma
     cortesã cortejada e desejada por inumeros ho-
     mens.
     Teve luxo, fartura, mas seu coração permanceu
     vazio.
     De algum modo a vida dura e paupérrima era o
     sinônimo da felicidade a qual lançara ao vento.
          _camomillahassan_
CAMOMILLA HASSAN
Enviado por CAMOMILLA HASSAN em 11/07/2009
Código do texto: T1693500
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.