Um mormaço

Sentei na cadeira meio tosca, apeei os pés preguiçosos no corrimão,

Ajeitei o enredo que nevoava, e fumei lerdo, soprando redondilhas aneladas de fumaça que desapareciam nos pensamentos.

Estava desenhando um sorriso que engoli seco com a tristeza.

O sol contorcia a paisagem como fosse geléia, enquanto o mormaço,

Embrenhava-se no roçado russo de poeira, dificultando ate o respiro dos pássaros.

- tem gente que não acredita na zoeira que as folhas secas fazem no redemoinho do acaso, - coisas do saci.

-moleque saci e coisa de criança, seu besta. - ta ficando matungo.

Tentei ser adulto novamente, porque me orientei no sentido da infância.

Para ser franco, rolei as lembranças, como se fossem carrapichos agarrados no meu destino. A tarde abraçava a noite menina que se apartava sorrindo de gosto.Apertei nas unhas os piuins que furtavam as mudanças que a imaginação pintava. - pelo menos consegui arranhar estes escritos caipira.

Dormi nas areias brancas do sonho, - babando como uma besta- vai ver que a idade esta cobrando imposto na carne, esfolando devagarzinho a juventude alojada na poesia.

O rio gotejava calmo de seco, fazia tempão que a chuva trazia grilhões nas canelas,São Pedro não dava a chave do aguaceiro.

A lamina do rio cortava como faca cega, o capim ribeirinho, que teimava em ficar no lugar, vagando, vagando, Tamanha era a secura no leito.Carrapato fazia segurança no arção na sela do velho burro marrão. Travei as orelhas na calçada da noite assuntando o pio da coruja caolha.

Já eram horas de abusar da cama, dos rios de sonhos empestados de solidão.

Quem iria ler estes escritos lerdos e caipiras? – deixa de ser besta homem.

A moda e ler literaturas dinâmicas, modernas. - vou e dormir para calcar os dedos no ribeirinho magrinho,magrinho

Amanha será mais um dia marrudo, apeado de vaidade dos homens.

Da ate para visitar a safadeza que embuçava nas alpercatas cheias de poeira,lá no curral das éguas.

- Único lugar do grotão para se montar um cabaré.

Os feios resmungavam amuados, não tinham eira nem beira de vinténs,

Não dava para tirar um trisco na bunda das raparigas trigueiras.

Tudo se embrulhava neste sono, onde a modernidade da cidade se despedia de mim.Dando adeus, se arrolando com carinho dentro do meu coração.