Ventos que falam
Conto... Ventos que falam
Há muito tempo, numa cidadezinha do interior de São Paulo, mudou-se uma família que passava por dificuldades. A mulher era muito ativa e se pôs a procurar um emprego, sem jamais ter trabalhado fora durante a vida de casada. O casal tinha quatro filhos, sendo que, naquela época, moravam com eles apenas dois deles. A família ficou, provisoriamente, na casa de uma cunhada. Para as crianças irem à escola tinham que andar um longo caminho.
Lá, bem no alto, se ouvia os ventos, que pareciam falar. Um frio de doer fazia e, para esquentar, uma boa sopa comiam. Ela olhava as águas esverdeadas da piscina que há muito não tratava, pois com o frio que fazia ninguém entrava. Passados uns três meses que por lá estavam, conseguiu a mulher um emprego. Foi trabalhar de caseira num condomínio; muitas casas por lá tinha.
Teve tua casa de volta, e ônibus para os filhos irem à escola, logo perto da portaria havia. Tinha um enorme lago onde com seus filhos passava a tarde pescando. Mas, muitas vezes, peixes pequenos que não valiam serem trazidos para casa. Por lá, muitos gansos viviam, então davam a eles aqueles pequenos peixes. Era uma festa entre eles e alegria para as crianças.
Mês de julho, frio insuportável fazia; ela, muito caprichosa mãe e amorosa, seus filhos vestia. Tomava conta de uma imensa casa, que até sala de jogos tinha. Ao anoitecer, os ventos voltavam e pareciam gemer. Ecoava por todo vale aquele uivo triste, parecia alguém chamando por socorro.
Foram seis meses que por lá viveram. Não ficaram mais por lá, sua terra o coração de volta pedia. Voltaram para a terra querida, até hoje por lá vivem em harmonia. Sem os uivos dos ventos que quando ouviam, estremeciam.
Dalva Stolf