O CASAMENTO DE PEDRO MALAZARTE

Certa vez, Pedro Malazarte resolveu sair mundo a fora, dizendo que dessa vez iria até os confins do mundo em busca da sua princesa encantada.

Pedro até que tentara visualizar sua desejada amada, mas nada de conseguir. Decidido como sempre, fez longas caminhadas. Foi à moda Fernando, um pouco a pé, outro pouco andando. E não é que após andar dia e noite sem parar, o sortudo encontro um reino desconhecido, com castelo e tudo?

Ao chegar ao tal reino, Pedro foi logo se enturmando com a rapaziada do reino, um grupo de adolescentes acostumados a se divertir na única praça da cidade, aonde podiam ver de tudo um pouco. Era gente andando manca dali, gente cega acolá.

Outro passa-tempo da rapaziada, era caminhar em frente ao castelo para ver a princesa fazer o seu passeio matinal. E atrás dela, como sempre, ia o seu cachorrão de estimação, um gordo e bem tratado vira-lata.

Todos, naquele reino, invejavam a sorte do tal animal, que após ter sido enxotado da casa de seu antigo dono, foi logo caindo nas graças da princesa que o adotou como cão de estimação. Cachorrão tinha vida de fidalgo. Mais que isso, o sortudo até dormia na cama da sua nova dona.

E para completar o absurdo, cachorrão não deixava estranho nenhum se aproximar da princesa. Se algum abestalhado se atrevesse, o resultado era sair correndo aos berros sem os fundilhos da calça.

Ao ouvir sobre a boa vida do tal cão, Pedro, de olhos arregalados, até sonhou acordado. Sonhou que era um vira-lata feito o cachorrão. Mas num piscar de olhos, o que viu era um vira-lata sem sorte. Sabe por quê? Porque na primeira tentativa de se aproximar da princesa, quase foi devorado pelo bichão.

Apavorado, Pedro saiu com o rabo entre as pernas, ganindo com o estômago colado nas costelas, correndo que nem gazela.

Ao acordar num piscar das pestanas, Pedro viu que era um homem inteiro, do topo da cabeça até os dedões dos pés. O infeliz se beliscou todinho, até ver que tudo não era sonho, mas sim um pesadelo daqueles que só pobre que nem ele costuma ter, principalmente, no findar do dia, quando sente o ronco da barriga vazia. Neste momento, Pedro viu que pobre honesto rala pra valer, mais que cachorro por um pedaço de pão.

Vivendo tal experiência, o aventureiro Pedro continuou a amizade com os garotos do reino. Bem sabia ele, que esses novos amigos poderiam levá-lo até ao castelo. E para sua surpresa, num final de tarde, voltando da escola, os garotos comentaram sobre o que presenciaram no tal reino encantado. Não é que eles viram a princesa fazer uns gestos fora dos padrões reais? E para piorar, também ouviram ela falar coisas que os deixaram bem confusos.

Pedro, curioso como sempre, foi logo querendo saber do que se tratava. Os garotos contaram tudo o que aconteceu:

- Primeiro, a princesa foi à janela de seu quarto e num gesto desavergonhado, ela deu abriu a roupa, colocando os seios pra fora para quem desejasse vê-los, e sem nenhum pudor, falou alto e de bom tom:

- Não sou casada, nem tenho marido, não sei por que meus seios são caídos!

- Isso deve ser loucura! Falou o grupo de uma só vez.

Prestando atenção e analisando a situação, Pedro decidiu acompanhar a garotada até a escola, no dia seguinte. Para sua surpresa, no caminho de volta, ao passarem pelo castelo, todos puderam ver a princesa na janela de seu quarto, abrindo a parte de cima da roupa e falando aos berros:

- Não sou casada, nem tenho marido, não sei por quê que meus seios são caídos!

Por sua vez, o atrevido Pedro abriu a braguilha da calça, puxou o instrumento pra fora e falou na direção da princesa, olhando-a com os seios de fora:

- Não toco pistão e nem toco rabeca... Não sei por que meu pinto é careca!

Diante de tal cena, a princesa ficou encantada com o que viu e o que ouviu, suplicando ao rei, seu pai, que convocasse aquele desconhecido para a sua festa de aniversário, uma ocasião de estar na hora certa com o homem certo, com o qual ela se casaria e viveria feliz para sempre.

A princesa nem ligou mais para o seu cachorrão, o cão real de estimação, que vendo esta cena alarmante, teve um piripaque e sumiu.

Não é que o danado do Pedro casou com a sua desejada princesa encantada? Tudo aconteceu dentro dos conformes planejados.

Mas para infelicidade da princesa, até então realizada, Pedro, homem desapegado de tudo ao seu lado, enjoado da vida de fidalgo, resolveu ir embora do tal reino encantado. E o que era pra ter um final feliz, acabou assim:

Pedro Malazarte, homem malandro, esperto e galante, do mesmo jeito que entrou na vida da princesa desejada, do mesmo jeito partiu, levando com ele o cachorrão, seu novo cão de estimação.

Vai acreditar em amor à primeira vista, vai! O cachorra é que se deu bem.

Esta entrou por uma porta e saiu por outra, quem gostou conte pra alguém, quem não gostou que invente outra.

(Autoria: Claudete T. da Mata)

Bruxa da Mata
Enviado por Bruxa da Mata em 22/06/2009
Reeditado em 06/06/2011
Código do texto: T1662482
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