Pé de Bode

Em uma pequena cidade encravada no interior de Goiás, vivia o Sr. José com sua família, era muito pobre, mas muito feliz, pois tinha tudo que um homem precisa para ser feliz. Que é uma família linda! Uma esposa que achava a mulher mais bela do povoado, cinco filhos pequenos maravilhoso. Digo povoado porque a cidade era muito pequena, o tamanho era três ruas paralelas e quatro transversais.

Seu Zé trabalhava por dia nas fazendas das redondezas, levava todo dia sua marmita de comida que era sempre muito simples arroz com feijão, mandioca, abóbora, mais comia com gosto porque era feito pela a mulher que amava de coração, a sua esposa. Trabalhando de sol a sol no cabo da enxada nas fazendas, sempre de bom humor e cantando a sua felicidade.

Os fazendeiros do povoado, sabendo da real situação financeira davam-lhe sempre leite para as crianças e provisões para que levasse para casa. Pois todos gostavam dele, principalmente porque nos finais de semana, sempre tocava sua acordeão durante o dia para alegria dos vizinhos e a noite para todo povoado, que sempre dançava e com isso muito namoro começou nos sábados a noite ou som do acordeão, lá todo mundo chamava sua acordeão de Pé de Bode por ser pequena, no mais, uma forma carinhosa de falar dela, pois juntamente com seu dono era muito querida de todos.

Com isso, seu Zé ficou com o apelido no povoado e nas redondezas também, de Zé Bode. Não importava, gostava, porque sabia que era com carinho, quando chegava alguém de fora que não o conhecia e perguntava, qual é sua graça? Respondia Zé Bode as suas ordens, o que às vezes as pessoas não entendiam aí ele explicava que era devido ao seu acordeão ser chamado pé de bode.

Era muito feliz. Seu mundo, perfeito , até o dia que um circo chegou, foi um alvoroço só. Todo mundo correu para ver vê-lo, principalmente os palhaços porque eles saíram à rua em uma procissão fazendo graça, gritando para chamar atenção. Gritando assim, palhaço que é? Os outros respondia, ladrão de mulher. Palhaço que foi? Ladrão de boi. A noite toda a cidade correu para assistir ao espetáculo, Para ver a esposa e os filhos felizes, com sacrifico porque o dinheiro era muito pouco, lá se foi seu Zé Bode com a família. A esposa, a dona Elvira ficou encantada com tudo que viu, principalmente com as graças de certo palhaço. Foi neste momento que uma nuvem negra pousou sobre a felicidade do seu Zé, toda a sua desgraça e sofrimento começo nesta noite.

No outro dia, como sempre seu Zé levanta cedo vai para a labuta na roça e lá se foi dona Elvira ver o circo, o palhaço a vendo, veio todo cheio de graça e lábia com uma conversa cheia de elogios para com ela que a deixou cheia de encantamento. À noite quando seu marido chegou, ela estava estranha, diferente do que sempre era. Perguntou o que era ela disse não é nada não, ficou calada não disse nada para o marido, os dias passando, ela estranha, seu Zé falava e ela parecia que não estava ouvindo que estava em outro mundo.

Quinze dias depois o circo partiu. Junto com ele, dona Elvira com os filhos, o palhaço roubou sua esposa. Ele só soube do acontecido à noite quando chegou a casa, tudo estava no mais profundo silêncio e escuro, os vizinhos vieram, contou que a esposa saiu de braços dado com o palhaço sem nem olhar para trás levando consigo os filhos. Neste dia o mundo do seu Zé caiu e ele mudou, não trabalhou mais, comia porque o vizinho dava, só bebia pinga para afogar sua magoa, dor, tristeza, a acordeão ficou em um canto esquecida, nunca mais se ouviu os seus acordes. Virou um molambo, um farrapo humano, porque já não tinha mais alegria e vontade de viver, sua vida havia acabado. Porque seu mundo era sua família.

Neste meio tempo da sua tristeza, um fazendeiro de nome Tonho da Tuca comprou um Jeep, novidade no povoado. Em uma noite de sábado, sai do bar bêbado, seu Zé. E vem descendo a rua em seu Jeep Tonho da Tuca. Seu Zé pula na frente dele, o fazendeiro desvia e ele pula na frente novamente, e vai daqui e vai dali até que uma hora que não teve como desviar, foi colhido pelo carro, o Tonho da Tuca desceu desesperado e o viu todo ensangüentado dando seus últimos suspiros. E a última palavra dita por ele foi, por que Elvira?

E assim acabou seu Zé Bode, de uma morte triste e infeliz, silenciou para sempre o seu pé de bode, por conta de um palhaço que é ladrão de mulher.

Lucimar Alves

Lucimar Alves
Enviado por Lucimar Alves em 12/06/2009
Reeditado em 04/07/2013
Código do texto: T1646064
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