O Caso Final: Pérolas da Justiça do Trabalho

I

Estas preciosidades vieram chegando de várias localidades de Minas, algumas por e-mail, outras através dos malotes do Tribunal e umas terceiras narradas diretamente.

São pérolas remetidas por servidores lotados nas Varas de Trabalho de Belo Horizonte, Congonhas, Juiz de Fora e Sabará.

II

Ao ler nos andamentos do sistema informatizado a interposição de um R O e não sabendo tratar-se aquelas duas letras da abreviatura de recurso ordinário, um servidor recém empossado na Vara do Trabalho de Sabará informou para o advogado que estava atendendo que o processo em que ele atuava havia sido enviado para Rondônia/RO.

III

Outro servidor que pedira transferência do Estado do Piauí para Minas Gerais atendia no balcão de uma das Secretarias de Belo Horizonte quando uma advogada se aproximou e questionou:

- O “seu Minas” já chegou?

Obviamente que a procuradora estava se referindo ao Diário Oficial do Estado de Minas Gerais, o jornal que traz diariamente as publicações e os expedientes da Justiça do Trabalho.

Depois de muito pensar e ainda mais matutar, responde-lhe o funcionário:

- Não tem essa pessoa aqui não, minha senhora! Com certeza que não...

IV

Você sabia que um Oficial de Justiça chegou a penhorar um elefante no Jardim Zoológico de Belo Horizonte, causando um verdadeiro pandemônio...!

Devo registrar, entretanto, que não obtive nenhuma confirmação sobre a veracidade dessa história. Por mais que tenha perguntado a esse respeito e tentado levantar a lebre junto a alguns dos nossos colegas oficiais de justiça, nada consegui.

V

Outro oficial de Belo Horizonte teria penhorado um trem – isso mesmo que os leitores ouviram! – um trem de ferro na RFFSA, a Rede Ferroviária Federal.

O interessante nessa história foi que os demais oficiais de justiça se reuniram posteriormente e se puseram a imaginar como é que se daria a remoção do referido bem se isso fosse necessários...

VI

Uma funcionária de uma das Varas do Trabalho de Congonhas estava trabalhando no balcão de sua Secretaria quando se aproximou um jovem pedindo informações sobre os seus direitos trabalhistas.

A servidora informou que ele deveria se dirigir ao foro para dar entrada em sua reclamatória. Então ele imediatamente retrucou:

- Olha senhorita: eu não quero levar o meu patrão no pau, não! Só gostaria de saber um pouco mais à respeito dos meus direitos...

- Tudo bem, respondeu-lhe a funcionária sorrindo. Mas é bom você ficar logo sabendo que o “pau” é aqui mesmo!

VII

A mesma funcionária da história anterior era “novata” na então Junta de Conciliação e Julgamento da cidade de Congonhas. Ela ficara perplexa num certo dia ao ver a Juíza Presidenta da Junta deixar a sala de audiências e adentrar pela Secretaria soltando uma alegre e sonora gargalhada.

Questionada, a juíza explicou que o motivo de tanto riso fora o seguinte: estava colhendo o depoimento de um reclamante quando o mesmo lhe afirmara que não tinha recebido nem o acerto e nem o "Décio Teixeira".

- O quê? Décio o quê? – tornou a perguntar a Juíza, curiosa.

- O Décio Teixeira, aquele dinheirinho que a gente recebe no fim do ano e que faz a alegria da patroa e da criançada!

VIII

Um advogado ganhara uma causa contra a União, ação esta que tramitara numa das Varas do Trabalho do Fórum de Juiz de Fora. A condenação versava sobre uma série de diferenças salariais que - conforme prolatado na sentença - era devida aos reclamantes.

Na fase executória do processo, porém, o juiz havia determinado que os cálculos fossem elaborados por um perito de sua confiança, morador de uma cidade vizinha de Juiz de Fora.

Então o ilustre perito finalmente concluíra que em verdade a União já havia pagado valores superiores aos da dívida para com os autores. Portanto, deviam eles devolver a citada diferença aos cofres públicos.

Ao saber do acontecido, imediatamente retrucou o douto advogado dos reclamantes:

- Ganhei, mas não levei! Mas como consegui a isenção de custas, pelo menos deu empate técnico...