O MILAGRE /   Capítulo2





Marina queria recusar, mas algo no olhar daquele menino a fez mudar de idéia, afinal ela não tinha nada para fazer.
   -Agora vamos meu querido, que já está na nossa hora.
-Diga adeus a sua amiga e vamos para casa, -seu pai vai chegar logo.
    -Marina você precisa conhecer meu pai, -ele é médico da cabeça, e foi viajar para curar um doente lá longe.
   -Mas hoje ele está de volta e se der tempo amanhã ele vem ao parque comigo, -não é tia Arlete?
- -É sim querido, mas agora vamos, até logo Dona Marina, espero que o Lucas não tenha atrapalhado seu passeio, desculpe-me sim.
    -Ele não me atrapalhou em nada, -pelo contrário é um menino adorável, -adorei brincar com ele, acredite.
    Lucas foi embora relutante não sem antes acenar para sua nova amiga que ele conhecera no parque.
    Marina ficou ali pensando em como a vida pode surpreender com pequenos acontecimentos significativos que às vezes nem prestamos atenção.
    Ela nunca pensara em ter filhos, mas agora vendo aquele menino tão doce ficou pensando que uma mulher deve ser muito feliz ao ser mãe.
    Mas também se ela tivesse filhos agora iriam ficar assim como o pequeno Lucas triste e carente, já que ela não tinha muito tempo de vida.
    Saiu dali e foi direto para casa, onde tomou um banho longo como se a água pudesse lavar a tristeza inexplicável que sentia.
    Não sentia fome, nem vontade de ler ou assistir tv, só queria dormir e esquecer sua condenação.
    Deitou-se e quando acordou já era outro dia, e ela estava aparentemente ótima, até pensou em erro médico, pois nunca em sua vida se sentira tão bem...
    Ficou ali pensando em tudo o que havia acontecido em sua vida tentando encontrar uma explicação para o seu mal porem sem encontrar nenhuma resposta.
    Hoje ela não ia trabalhar, mas não se sentia bem ficando em casa e resolveu dar um passeio pelo shopping e talvez quem sabe assistir a um bom filme.
    Saiu e vagou por várias horas sem destino, a procura de si mesma, afinal precisava se encontrar de novo, agora ela não se sentia mais a mesma, era uma estranha.
    Talvez um ano, dissera o médico, difícil tirar isso da memória, embora ela tentasse não pensar no futuro.
    Em sua casa Lucas esperava ansioso esperando o momento de ir ao parque encontrar sua nova amiga, e perguntava a toda hora para Arlete se já não era hora de ir fazer seu passeio.
    Seu pai havia chegado de viagem e Lucas contou que conhecera uma mulher linda e insinuante, no parque e que ele devia conhecer também.
    -Você vai gostar da Marina papai, -ela é meiga igual à mamãe...
-Papai será que a Marina pode ser minha nova mãe?
-Filho querido, -não é assim que as coisas acontecem, -tem todo um procedimento, -e o papai não está pensando em se envolver com ninguém, ainda é muito cedo para pensar nisso.
     -Mas você promete que vai conhecê-la, -promete papai?
Está bem querido, -prometo que irei com você ao parque amanhã, -pois hoje o papai está muito ocupado, -certo...
    -Oba você vai gostar de conhecer a Marina papai, -tenho certeza, -não é mesmo Arlete?
    -Sabe que esse menino está enfeitiçado por essa moça, riu Arlete, -ele só fala nela desde ontem, quando a conheceu.
    Marina também pensava e muito naquele menino que a escolheu para ser sua amiga, pena que seria por muito pouco tempo.
   Ele podia ser seu filho, quantos anos será que ele tinha? Uns quatro anos ou cinco talvez.
Tão lindinho e carente de mãe, como a vida é triste para alguns! Pobre menino triste.
     Ela resolveu levar um presente pra ele quando fosse ao parque e entrou numa loja de brinquedos para ver o que poderia interessar ao garotinho.

Continua....