ESTRANHOS GENTÍS
"Quando o rude contrasta com o lado bom do homem!"
Saí às 22 horas e me dirigi ao estacionamento da empresa onde trabalho ao encontro da minha velha Brasília. Quinze quilômetros me separavam de casa, tinha alcançado apenas três quilômetros do trajeto quando um dos pneus furou.
Felizmente o fato ocorreu próximo à uma borracharia que funcionava 24 horas. Pedi ao borracheiro para que trocasse o pneu furado pelo reserva que estava em melhores condições. Feito o conserto o borracheiro displicentemente joga o pneu sob o capô soltando a mangueira que era conectada ao tanque de gasolina.
Sem perceber o ocorrido sigo a “viagem” por pouco tempo pois com o corte da gasolina o carro pára bem próximo à uma favela muito afamada pelo alto índice de criminalidade. De repente avisto dois rapazes vindo em minha direção , fiquei apreensivo pensando tratar-se de maus elementos.
Para minha surpresa eles me tranquilizaram e se ofereceram para me ajudar no que for possível.
Me perguntaram o que eu pretendia fazer. Pedi a eles para me acompanharem até um posto de gasolina que ficava próximo dali, pois eu acreditava que o carro havia parado por falta de gasolina.
Nos deslocamos até o posto, os rapazes ficaram posicionados um de cada lado de minha pessoa, como dois guarda-costas.
Chegando lá nos deparamos com o posto fechado, havi encerrado o expediente às 22 horas.
Resolvi voltar por outro caminho sempre acompanhado, quando avistei do outro lado da rua uma empresa de ônibus.
Agradeci aos rapazes pela ajuda e fui até a portaria onde se encontrava um senhor que após ouvir o ocorrido comigo imediatamente aciona o mecânico de plantão e juntos fomos buscar o carro num caminhão reboque da empresa. Meu carro ficou guardado no interior da empresa em total segurança e fiquei de retornar no outro dia para solucionar o problema do mesmo.
Após agradecer aquele senhor prestativo me dirigi à avenida até o ponto de ônibus desta vez sozinho.
Preocupado , olhei para o relógio que marcava 22horas e 50 minutos e para fechar a noite com chave de ouro, avisto um ônibus, era da empresa que trabalho, levando os funcionários para casa.
Dei sinal, o motorista me reconheceu e párou, só faltava o tapete vermelho, adentro o ônibus e sento-me confortávelmente na poltrona me sentindo como um rei sendo tratado com tantas gentilezas por pessoas estranhas mas tão solicitas e penso: “O mundo não está perdido, ainda existem pessoas boas”.
No outro dia bem cedo vou ao encontro do meu carro guardado na empresa de ônibus.
Chegando lá, abro o capô do carro e com a luz do dia, percebo que a mangueira estava solta, dou um largo sorriso, encaixo a mangueira e agradeço aquele borracheiro que com seu jeito rude me fez conhecer o lado gentil do ser humano.
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