ALÉM DA VIDA
 
 
Duas vezes por dia, Paulo tinha um estranho encontro. Ficava ressabiado, confuso não sabia o que fazer. A dúvida pairava em sua mente. Perguntas que não achava respostas. Olhava-o sentia algo, mas não sabia o quê. Não era religioso, porém achava que devia ter alguma explicação para esse acontecimento. Ao ver aquele olhar seu coração pulsava, parecia uma alegria, uma tristeza, uma saudade... O que era não se sabe...
Um dia, como de costume, voltava do serviço, e ali estava a sua espera o amigo. – Quer saber, vou te seguir e ver se desvendo esse segredo. O cão prontamente pôs- -se a caminhar . Paulo o seguia. Dobrou uma esquina, passou uma quadra. Depois de dois quilômetros rodados, parou em frente a uma casa com paredes meio descascadas. O cão pôs-se a latir desesperadamente. Saiu uma senhora aparentando uns cinquenta anos. Olhou para o cão e para Paulo. – Voltou seu danado? Quem é o senhor? – Olhe dona, meu nome é Paulo e esse cachorro sempre me acompanha todos dias. Pela manhã e ao final da tarde. – Estranho, ela disse! – Ele parece que já me conhece de outros tempos. É seu? – Não; era do meu filho falecido há um ano. O coração de Paulo acelerou-se. – Puxa meus sentimentos. – Obrigada. Eles eram um grude só. Porém, um dia meu filho resolvera descer para a baixada, e o Pong parecia agitado. Ah nada adiantou. Era madrugada de sábado quando tocou o telefone. – Dona Ivone? – Sim! – Rivaldo Silva de Almeida é seu filho? – O que aconteceu? Não consegui respirar direito. – Bom, houve um acidente seu carro entrou debaixo de uma carreta. – Meu marido veio socorrer-me. Chegamos ao hospital e os médicos disseram que o cérebro  já não funcionava mais, porém os órgãos continuavam ativos. Doamos não sabemos para quem. E é isso.
Paulo num repente. Lembrou-se que quase morrera de uma cardiopatia. Necessitava de um transplante urgente. Agora entendera tudo. As lágrimas escorriam-lhe pela face. – Seu filho vive em mim agora dona Ivone... E a abraçou profundamente. Tornara-se amigo da família e sempre ia visitá-los principalmente, Pong, que ao vê-lo fazia seu coração vibrar de alegria...
 
19/04/09
 
 
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Gonçalves Reis
Enviado por Gonçalves Reis em 19/04/2009
Reeditado em 19/04/2009
Código do texto: T1547996
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