Pedro Mentira

Numa cidadezinha do interior de São Paulo, existia um sujeito mentiroso, engraçado e de meia idade. Gostava de inventar lorotas, enganar os outros. Era a mentira em pessoa! Por isso, perdeu seu nome de batismo e foi apelidado pela população de Pedro Mentira.

Certa vez, ele chegou à Sub-Prefeitura, o pessoal estava tomando o cafezinho da manhã, quando o funcionário de primeiro escalão, Luis Manco perguntou-lhe:

- Qual a mentira dessa vez Pedro Mentira?

Pedro Mentira ficou cabisbaixo, triste, e respondeu-lhe:

- Hoje me recuso a contar uma, estou chateado.

- Ah!... Conta uma mentirinha, nem que seja bem pequenininha, conta! Só para não perder a força do hábito.

- Não! Hoje meu coração está de luto.

- Por quê? O que houve?!

- Um velho amigo faleceu agora a pouco.

- Quem?!

- O mais ilustre dos cidadãos da nossa cidade, o meu compadre e pioneiro, Neném Baiano.

- Sério? Meu Deus!

Luis Manco correu para o telefone e avisou o prefeito. Fez-se um alvoroço... Foi decretado luto oficial por três dias, imediatamente. Os funcionários foram dispensados. O comércio baixou as portas. O badalo da Igreja anunciou o acontecido. O povo colocou tarja preta no ombro em sinal de luto. A lamentação tomou conta daquele lugar.

Luis pegou a família, pôs no seu carro e partiu para o Distrito rumo à casa do falecido. Formou-se um comboio. O ônibus da prefeitura, lotado, partiu pra lá também. Quem não tinha carro ou carona foi do jeito que pôde.

O Distrito ficava a uns seis quilômetros. A cidade partiu pra lá. O choro tomou conta do comboio.

Luis Manco, que puxava a fila, ao se aproximar da casa do morto, observou que não havia movimento algum nela.

O povo do Distrito ficou assustado com tantos carros e visitantes. Luis Manco gritou para o Zitão que estava sentado a beira da porta:

- Onde é o velório!

- Sei não sinhô!

Luis Manco fez a volta e foi até a pracinha, centro do Distrito, e percebeu que os TRUQUEIROS estavam em silêncio, e ao se aproximar, desmaiou... Quando acordou, notou que estava no quarto do Hospital Municipal, e assustado, rodeado de muita gente, gritou:

- Que aconteceu! Que estou fazendo aqui?!

Observou dentre a multidão a presença de Pedro Mentira, e irado, gritou:

- Pedro Mentira, seu desgraçado! Você quase me matou! Por que fez isso?!

Pedro Mentira meio embananado respondeu-lhe:

- Ué, você não me pediu para contar uma mentirinha!

(Autor – Prof. Osmar Soares Fernandes)