ALERINA, A VALÉRIA
ALERINA, A VALÉRIA.
Um amigo ao saber que eu precisava de uma baba procurou-me dizendo que fosse na casa dele para escolher uma mineirinha. Lá chegando vi seis garotas, uma escadinha de três a dez anos de idade. Escolhi uma de tamanho intermediária um pouco maior do que minha filha, apontando para ela falando:
- Aquela serve...
- Tudo bem a mãe delas as deixou aqui a mais de sei meses, não retornou mais, acho que até morreu. Não estou dando conta de sustenta-las. Pode levar essa aí, mas se a mãe aparecer temos que devolve-las.
Peguei a garota pela mão e a levei à casa. Chegando lá minha mulher ficou atônita com o desmanda da menina. De imediato foi tratar da aparência dela. Matar os piolhos e vesti-la convenientemente.
Ao perguntar-lhe o nome ela mal balbuciava ruídos inelegíveis:
- Aaaraiaeias...
Após várias tentativas sem entender nada arriscamos um nome:
- Valéria?...
- É, é ,é...Falou sorrindo.
Após esse rápido batismo passamos a chamá-la assim. Valéria para cá Valéria para lá e assim foi por cinco anos.
Nada da mãe dela aparecer. Como queríamos que estudasse, lembrei do amigo Sr. Olavo que fora seu primeiro guardião.
- Tenho uma lista de nomes deixada com elas e a data dos nascimentos respectivos.
De posse do xerox da lista não se lia nenhuma com o nome de Valéria. Como ela estava mais grandinha conversamos de novo com ela sobre o nome dela conferindo a lista. Não tinha nenhuma Valéria. Ao relermos várias vezes os nomes ela pediu para parar no nome Alerina.
- Porque você nos falou que era Valéria?...
- Porque eu acho muito mais bonito de que Alerina.
Goiânia, 04 de março de 2009.