ROLDÃO II

Hoje lembrei novamente da maravilhosa figura do "Velho Roldão". Lembram? O homem tosco e pacífico, que levava sempre consigo um olhar carinhoso?(personagem saudoso do meu primeiro texto)...

Tudo nele contrariava a sua docilidade: quase 2 metros de altura, chapéu sovado, roupas surradas, pés descalços (não havia calçado que lhe coubesse), aspecto de poucos hábitos de higiene, escolaridade zero...e seu nome...ROLDÃO CAMARGO. - Na verdade, penso eu, ele poderia muito bem se chamar PACÍFICO LEAL, seria bem mais adequado.

A curiosidade estava sempre persente em todos os seus momentos. Na verdade nem era uma mera curiosidade, era, na realidade, uma ansia de saber que só poderia caber em um autêntico "auto-didata campeiro".

Andava, desta vez, apaixonado por uma maquininha de costurar sacos que funcionava ligada a uma bateria. Tecnologia simples mas que encantava nosso personagem.....para ele nada era tão perfeito como aquela maquininha que tratava como uma verdadeira joia. Coisa alguma poderia superar.

À tardinha, como de costume, a "peonada" se reunia para a "mateada" habitual e lá estava o Roldão com a maquininha à tiracolo dentro de um embornal feito de pano.

Assunto abordado: Americanos desceram na lua.-Que tu achas, vivente, tu acreditas nisto? ---E assim cada um falava sobre seu ponto de vista, crendo ou descrendo.

Tirando Roldão do seu silencio pediram a opinião dele... Batendo com a mão espalmada no embornal de pano, respondeu com muita segurança.

-"Óia, dispois que inventaro esta maquininha de costurá saco, eu não duvido mais nada, tchê"!

A gargalhada foi geral...Roldão riu junto.

Mateada: Hábito gaúcho de tomar chimarão em grupo.

Peonada: Trabalhadores do campo, peões.

Luiz Messias
Enviado por Luiz Messias em 19/02/2009
Reeditado em 06/03/2009
Código do texto: T1448013
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