VERSOS PERIGOSOS ( Celismando Sodré - Mandinho)
VERSOS PERIGOSOS
( Celismando Sodré – Mandinho)
Lá pelos idos dos anos quarenta, quando não havia TV, e Rádio era coisa de gente rica, as formas de diversão e de lazer eram na base da prosa familiar, das piadas, conversas de botecos, cantar coco e emboladas, sempre procurando passar o tempo que se arrastava lentamente em Barra do Mendes.
Estavam trabalhando na limpeza de um tanque várias pessoas, dentre elas Quinca de Adelino e Mané da Norata, que realizando o trabalho duro, começaram a jogar versos um para o outro; os outros só ouvindo e dando risada. Um certo momento da brincadeira, Quinca de Adelino apareceu com um verso que deixou todo mundo espantado e apreensivo. O verso dizia o seguinte:
Ô Mane da Norata
Veja as coisas cuma é
Tu cantando aqui mais nóis
Os outros lá com tua muié
De repente, após um breve silencio, o Mané da Norata, arrastou o canivete e enquanto abria pra enfiar no bucho do cantador atrevido foi respondendo o verso:
Ô muleque discarado
Deixa de tanta ousadia
Cuma é que mete muié de homem
No meio de cantoria.
Ao perceber a gravidade da situação, a turma do “deixa disso” saltou em Mané pra tomar o canivete, e Adelino do outro lado com os olhas arregalados pensando no risco que correu... por pouco um verso de gado não deixava mais uma viúva no mundo.